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Máquinas vão tirar emprego de 180 mil cortadores de cana de SP

Valor Econômico - 02/10/2007

Cerca de 180 mil trabalhadores que atuam no corte de cana em São Paulo devem perder o emprego até 2014, quando termina o prazo para o fim das queimadas em áreas mecanizáveis no Estado. A proporção de emprego em uma frente de trabalho para o corte de 3,2 mil toneladas de cana/dia (média diária de moagem de uma usina em São Paulo) é de 479 trabalhadores. Com a substituição desses cortadores por quatro colheitadeiras, a proporção de emprego cairá para 75 trabalhadores, segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Agroindústria da Cana-de-Açúcar). O setor sucroalcooleiro emprega cerca de 600 mil trabalhadores na área agrícola. Deste total, 180 mil estão em São Paulo -, dos quais 40% voltam para seu Estado de origem após cada safra. Segundo Padua, a Unica já tem programa de qualificação e requalificação profissional. No entanto, apenas 70 mil devem ser reaproveitados em outras funções nas usinas. Em junho, o governo estadual assinou um protocolo de intenções com a Unica antecipando a meta de substituição da queima da cana na lavoura pela colheita mecanizada. O fim da queima dos canaviais em áreas planas foi antecipado de 2021 para 2014. Em áreas de declive, o fim das queimadas passou de 2031 para 2017. São Paulo tem apenas 5% de áreas com topografia acidentada. Atualmente, a mecanização em São Paulo representa 41% do total plantado no Estado, ante uma média de 30% no centro-sul do país, segundo Celma da Silva Lago Baptistella, uma das cinco pesquisadoras envolvidas neste estudo, feito a pedido do governo estadual. O setor sucroalcooleiro é um dos maiores empregadores agrícolas. A preocupação ambiental levou os governos federal e paulista a estabelecerem prazos para a erradicação da queima da cana e, conseqüentemente, acelerou a substituição do trabalho manual pelo mecânico. Segundo o estudo, dificilmente o contingente de cortadores será absorvido dentro do próprio setor ou em outros segmentos agropecuários.