16/04/10 11h08

Magazine Luiza não quer cobra nem lagarto

Valor Econômico

Depois de perder o Ponto Frio para o Pão de Açúcar e a Insinuante para a Ricardo Eletro, ao Magazine Luiza restou crescer organicamente, o que pode ser bem demorado, ou buscar novos alvos. Partir para uma fusão ou ser comprada não são alternativas para a terceira maior rede de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos do país, afirma o seu superintendente, Marcelo Silva, que passou pelo Bompreço e pela Pernambucanas. "Eu não acredito nesse negócio de juntar cobra com jacaré, isso não dá certo", diz o pernambucano, que assumiu a empresa há exatamente um ano. Ser vendido, muito menos. "Jamais! O Magazine Luiza é a última virgem do mercado e não se deixará arrebatar por qualquer um". O qualquer um, no caso, poderia ser o Grupo Pão de Açúcar, um dos poucos no país com cacife para levar a empresa de R$ 2,8 bilhões (US$ 1,4 bilhão) de receita líquida em 2009, que reverteu o prejuízo de R$ 47,5 milhões (US$ 26 milhões) de 2008 para um lucro líquido de R$ 50,4 milhões (US$ 25,6 milhões). O Pão de Açúcar vem dizendo informalmente que, se o negócio com a Casas Bahia for cancelado, a Máquina de Vendas e o Magazine seriam candidatos a uma nova associação.

Para Silva - que falou ao Valor pouco antes do anúncio, feito nesta semana, de revisão do acordo entre Pão de Açúcar e Casas Bahia -, quem se associa perde a identidade. "Eu fui do Bompreço, sei da força que esse nome tinha no Nordeste. Depois chegou o Walmart e o nome virou nada. Quando dois se juntam há sempre conflito de valores", diz. O Magazine não é um alvo fácil de levar, reconhece um executivo do varejo. "A Luiza [Trajano, presidente da empresa] tem muita personalidade e não iria se adaptar a uma associação", diz.

Silva sabe, é claro, que uma compra é diferente. "Numa aquisição eu imponho os meus valores sobre quem comprei, não preciso negociar", diz o superintendente, que pretende abrir 30 lojas este ano, para se somar aos atuais 456 pontos de venda presentes em sete Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. A questão é para onde voltar as baterias neste momento. Na opinião de especialistas e de fornecedores do varejo, o caminho natural para Magazine é o Nordeste, região que puxou as vendas de eletrodomésticos em 2009 e onde estão concentradas mais da metade das lojas da vice-líder Máquina de Vendas, resultado da fusão entre Ricardo Eletro e Insinuante.