05/10/09 10h21

Magazine Luiza muda a estratégia

Valor Econômico

Aos 58 anos, o pernambucano Marcelo Silva traz na bagagem uma experiência profissional de 31 anos no varejo e como superintendente do Magazine Luiza, cargo que ocupa há apenas seis meses, deverá enfrentar uma alta exposição e um dos maiores desafios de sua carreira. A varejista de Franca, no interior de São Paulo, quer abrir o capital em 2010. "Estamos preparando a empresa para fazer o 'IPO' (oferta pública inicial de ações) no segundo semestre de 2010 ou, dependendo do que acontecer, no início de 2011", diz Silva.

Segundo ele, a empresa está empenhada neste momento em reduzir seu endividamento, o que está sendo feito com a geração de caixa. O objetivo é deixar a estrutura de capital mais sólida antes de ir à Bovespa, com indicadores financeiros semelhantes aos apresentados pelas varejistas listadas na bolsa. Até lá, o foco não estará voltado para grandes investimentos, como aquisições ou a abertura de muitas lojas. "Esses serão projetos que ficarão para depois da abertura de capital", diz Silva. O Magazine Luiza já conquistou um faturamento considerável para lançar ações: as vendas brutas vão se aproximar de R$ 4 bilhões (US$ 2,2 bilhões) em 2009 - cifra cerca de 25% maior que a de 2008.

O ano passado foi difícil para o Magazine Luiza. Antes da crise, a empresa gastou o que podia para bancar uma estreia em grande estilo na capital paulista. Foram investidos R$ 200 milhões (US$ 111 milhões) na inauguração simultânea de cerca de 50 lojas na cidade. Na época, a rede previa que iria abrir o capital e que poderia levantar os recursos para arcar com a expansão. As lojas em São Paulo, porém, foram abertas no fatídico mês de setembro de 2008, que passou para a história como o marco da crise após o colapso do banco Lehman Brothers.

"O balanço do Magazine Luiza de 2009 será muito diferente do de 2008. Ele vai mostrar uma posição bem mais confortável", diz Silva, o primeiro profissional a ocupar o posto de CEO na empresa da família Trajano. Luiza Helena, sobrinha da fundadora, transferiu-lhe o dia a dia dos negócios, mas ainda ocupa um cargo acima, como presidente, e tem voz ativa na gestão.