21/03/11 11h44

Lwart retoma receita do período pré-crise

Valor Econômico

A recuperação nos preços da celulose e a alta demanda vinda dos setores de infraestrutura e construção colaboraram para o retorno ao crescimento dos resultados do grupo brasileiro Lwart. Com três áreas de negócios - celulose, impermeabilizantes e óleos lubrificantes - a companhia do oeste paulista faturou R$ 586 milhões (US$ 333 milhões) líquidos em 2010, alta de 25% frente ao acumulado no ano anterior. O grupo, cujo nome é formado pela inicial dos quatro irmãos Luiz, Wilson, Alberto e Renato Trecenti, nasceu na cidade de Lençóis Paulista, no interior de São Paulo. Nos anos 50 os irmãos fabricavam equipamentos para usinas de açúcar e álcool da região, sendo que em 1975 iniciaram a produção de lubrificantes.

Nesse segmento, o grupo coleta óleo usado nos postos e transportadoras e fornece o óleo rerrefinado. "Hoje, coletamos 50% do volume total de óleo coletado no Brasil", afirmou ao Valor o presidente do grupo Carlos Renato Trecenti, da segunda geração da família. As duas unidades de rerrefino da empresa ficam em Lençóis Paulista e em Feira de Santana (BA) e têm capacidade para processar juntas 140 milhões de litros de óleo usado. Para este ano está prevista a conclusão de uma nova linha produtiva no mesmo parque paulista. Com investimentos de R$ 230 milhões (US$ 135,3 milhões), o aumento da capacidade será de 25% no primeiro momento.

Mas o maior peso nos resultados da empresa vem da área de celulose de eucalipto. Com uma capacidade produtiva de 245 mil toneladas nas unidades de Penápolis (SP) e Lençóis e cerca de 20 mil hectares de floresta própria plantada, a companhia aproveita um nicho de mercado não tão interessante para as gigantes do mercado (como a Suzano e a Fibria) e atende a produtoras de papel de menor porte. "A agilidade das decisões fica mais forte quando se é menor", explicou o diretor geral da Lwarcel Celulose, Ricardo Lopes. "Estamos operando a quase 100% da capacidade. Se tivesse mais produto, venderíamos", completou o executivo, não escondendo sua vontade de ampliar a capacidade da área.

Cerca de 55% do faturamento do grupo vem dessa unidade e a empresa vai entrar agora em um novo negócio: a venda de energia. A Lwarcel tem uma caldeira que faz com que as três fábricas de Lençóis Paulista sejam autossuficientes em energia, utilizando como matéria-prima cerraria e bagaço de cana-de-açúcar comprados no mercado. A caldeira, mais um conjunto turbogerador, gera 30 megawatts (MW), energia capaz de alimentar 140 mil residências. Da produção total, sobram 7 MW, que passarão a ser comercializados nos próximos meses.

Apesar de representar apenas 15% do faturamento do grupo, o segmento químico nos últimos anos foi o que mais cresceu dentro da Lwart. Impulsionada pelo setor de construção, a unidade produz cerca de 200 produtos, incluindo as mantas asfálticas e as argamassas impermeabilizantes, vendidas às construtoras e ao varejo. A matéria-prima para essa área vem dos compostos asfálticos, subproduto do próprio processo de rerrefino de óleos lubrificantes do grupo. Para este ano, a companhia projeta um faturamento da ordem de R$ 630 milhões (US$ 370,6 milhões).