07/02/11 11h19

LVMH cresce em ritmo piano no varejo brasileiro

Valor Econômico

O grupo francês LVMH, líder mundial do setor de luxo, está pavimentando o crescimento de seus negócios no varejo brasileiro ancorado em duas marcas, Louis Vuitton e Sephora. As butiques da grife LV em São Paulo e no Rio de Janeiro serão ampliadas e a rede francesa de perfumarias Sephora prevê inaugurar em 2012 suas duas primeiras lojas no Brasil, "país formidável", nas palavras do presidente do grupo, Bernard Arnault, que também critica suas altas tarifas de importação. Estes serão os primeiros passos da Sephora no Brasil, uma das maiores redes de perfumarias do mundo, com 1.070 lojas. Os planos para o Brasil são ambiciosos. "Vamos abrir várias lojas para participar do desenvolvimento formidável do Brasil e vender produtos internacionais e também brasileiros", disse Arnault ao Valor, na sexta-feira, durante apresentação dos resultados recordes de vendas do grupo em 2010, que ultrapassaram € 20 bilhões.

Segundo Antonio Belloni, número dois da LVMH, que esteve no Brasil na semana passada, a Sephora "começará provavelmente com duas lojas em 2012 para afinar o conceito e definir os produtos e serviços que serão oferecidos." O foco inicial é São Paulo e Rio de Janeiro. Ele diz ter preferência pelos shoppings Morumbi, em São Paulo, e Barra, no Rio. Belloni diz que a Sephora entra nos países com o objetivo de criar uma rede. Mas para isso "é preciso obter resultados e começar modestamente". "Poderemos abrir dezenas e dezenas de lojas, o objetivo é esse, mas será preciso ir 'piano, piano'", diz o italiano - o grupo prefere observar o desempenho das vendas das primeiras perfumarias no país antes de se lançar em novos projetos. Em julho de 2010, a LVMH comprou 70% do capital da Sack's, o maior site de cosméticos e perfumaria do Brasil. "O site nos dará uma base e uma experiência. Há muitas oportunidades no país", diz Belloni.

A grife Louis Vuitton também aposta nisso. O presidente da empresa, Yves Carcelle, disse ao Valor que "nos próximos dois anos a rede da marca no Brasil será irreconhecível". Para melhorar a distribuição, a Louis Vuitton irá ampliar suas lojas em São Paulo (nos shoppings Iguatemi e Cidade Jardim e na rua Haddock Lobo, no bairro Jardins) e também no Rio. A grife prevê abrir até dez lojas no mundo neste ano e passou a privilegiar a expansão das butiques já existentes. Carcelle diz, no entanto, que isso não se aplica ao Brasil. "Nossa estratégia em relação ao Brasil é diferente. Continuamos tendo projetos de abrir lojas no país", diz, sem dar detalhes.

Para Arnault, o Brasil "é um país formidável, que interessa ao grupo, mas que nem sempre é fácil para as nossas marcas". Critica as altas tarifas alfandegárias, que encarecem os produtos das marcas Louis Vuitton, Dior, Moët Chandon e Veuve Clicquot, entre dezenas de outras. As vendas para brasileiros em lojas nos Estados Unidos e na Europa tiveram em 2010 um "crescimento incrível", diz Carcelle. Mas a grife "não deixará de investir no Brasil" por causa dos altos impostos de importação, diz. Foram justamente as compras de turistas de grandes países emergentes que contribuíram para os bons resultados das vendas da LVMH nos mercados maduros da Europa e dos EUA. Além, claro, da "excelente performance" na Ásia, impulsionada pelos chineses.