28/03/18 15h00

Luops viabiliza projeto milionário de centro logístico em Santo André

Repórter Diário

Uma área de 468 hectares, situada no bairro Campo Grande, a cerca de 3km do Centro de Paranapiacaba, em Santo André, pode se tornar um potencial centro logístico voltado para armazenagem e distribuição de cargas, por meio de integração entre o sistema viário e ferroviário. O projeto, com investimento previsto de R$ 780 milhões, se tornou possível graças a aprovação, em dezembro de 2016, no final da gestão do ex-prefeito Carlos Grana (PT), da nova Lei sobre Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo (Luops), que viabiliza esse tipo de empreendimento em área de proteção ambiental.

A área do futuro centro está situada no entorno do Pátio Ferroviário Campo Grande, local estratégico que permite boa integração entre o Porto de Santos, São Paulo, Sorocaba, Campinas e São José dos Campos. Existe previsão de criação de 85 empregos diretos durante o período de obras e 1.200 durante a operação.

A empresa Fazenda Campo Grande Empreendimentos e Participações, responsável pela iniciativa, já deu entrada no pedido de licenciamento ambiental junto à Secretaria de Meio Ambiente do Estado e trabalha para obter as autorizações necessárias emitidas pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). A expectativa é que o empreendimento comece a ser construído em 2024.

Antes disso, precisa seguir um vasto cronograma de exigências pré-determinado pelo órgão estadual. O próximo passo será a realização de uma audiência pública, em 12 de abril, no Tênis Clube Santo André, para apresentação do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (EIA/RIMA) elaborado por equipe técnica especializada contratada pela empresa. O estudo multidisciplinar, composto por 1,4 mil páginas, traz um detalhamento completo de todas as questões envolvendo o projeto.

“Pela primeira vez em dezenas de anos a região tem possibilidade de ter essas ocupações regulamentadas em lei. Os estudos hoje estão bastante avançados e mostram que é uma ocupação muito adequada porque atende a vocação histórica da região. E o que vínhamos propondo está de acordo, pois admite uso de logística”, justifica o sócio responsável pela empresa, Jael Rawet.

O objetivo agora é cumprir todas as exigências estabelecidas pela Cetesb, processo demorado e complexo que deve percorrer pelo menos mais de cinco anos, caso atenda todos os pré-requisitos. Nesse período a empresa busca viabilizar algumas licenças (Prévia, Instalação e Operação). No meio do caminho também terá uma fase burocrática a ser superada junto a Prefeitura de Santo André.

 

Área

Pelo projeto (foto), a empresa pretende utilizar 920 mil m² de área de implantação, sendo aproximadamente 300 mil m² voltados para galpões ou plataforma de depósitos.  “A grosso modo, da área total que nós temos, de cada 5m² de terreno, 4 m² vão ser preservados integralmente. E desses 20% que é a área de implantação do projeto, existe a compensação ambiental”, justifica Rawet.

A grande aposta da empresa é resgatar o transporte de cargas ferroviário, por conta da saturação do sistema rodoviário. O executivo pretende tornar viável a interface da armazenagem logística com o transporte ferroviário, que pode ser mais eficiente, além de ser ecologicamente correto. “Embora a carga ferroviária responda por 22% do uso de transporte, só ocasiona 2% da poluição”, diz

 

História

A área pertencente a segunda geração da família do empresário, no bairro Campo Grande, foi adquirida em 1944 com objetivo de alavancar oportunidade de negócio, já que está situada em frente a uma estrada de ferro. Na década de 60 tentaram viabilizar a construção de uma cerâmica, projeto inviabilizado por conta do local não contar com energia elétrica à época. Anos depois, já na década de 90 idealizaram projeto para construção de um empreendimento residencial ecológico, mas acabou barrando na legislação local.