18/11/10 10h43

Lucros têm forte alta no 3º trimestre

Folha de S. Paulo

O terceiro trimestre foi muito positivo para a maioria das empresas abertas brasileiras, que tiveram aumento de receita e de lucro e queda nas despesas financeiras, revela levantamento da Economatica feito para a Folha. A recuperação da demanda doméstica de alguns setores exportadores e a queda do dólar (que diminui os gastos com dívidas na moeda americana) explicam os resultados.

O lucro líquido de 226 empresas com ações listadas na Bolsa somou R$ 39 bilhões (US$ 23 bilhões) entre julho e setembro - alta de 48,8% em relação ao mesmo período de 2009. Essa variação foi muito influenciada pelo aumento do lucro da Vale, que cresceu 251%, para R$ 10,5 bilhões (US$ 6,2 bilhões), devido à alta do preço e das vendas de minério de ferro.

Mas, mesmo excluindo os desempenhos da Vale e da Petrobras (alta de 17,3%, para R$ 8,5 bilhões/US$ 5 bilhões), os resultados foram bastante positivos, diz o presidente da Economatica, Fernando Exel. O lucro líquido das outras 224 empresas cresceu 25%, para R$ 19,8 bilhões (US$ 11,7 bilhões). O levantamento foi feito com base nos resultados divulgados até as 15h de anteontem.

Em ambos os casos, o aumento do lucro líquido superou o da receita. Uma das causas é a queda das despesas financeiras, ou seja, com o pagamento de dívidas e juros. "A cotação do dólar caiu 5,9% no trimestre passado. É um presente que caiu no colo das empresas", explicou. Apesar disso, o endividamento bruto das 226 companhias aumentou 14,9%, para R$ 523 bilhões (US$ 307,6 bilhões). Exel considera isso um bom sinal. "Mostra que as empresas estão otimistas e contraíram novas dívidas para poder investir mais", observou.

Entre dez setores listados pela Economatica, o único que teve menor lucro líquido no terceiro trimestre de 2010 ante 2009 foi o de siderurgia e metalurgia (22,7%, para R$ 1,4 bilhão/US$ 823,5 milhões). Quem mais contribuiu para o recuo foi a CSN, cujo lucro caiu 37,4%, para R$ 720 milhões (US$ 423,5 milhões). Os dados da Usiminas, cujo lucro cresceu 14%, para R$ 495 milhões (US$ 291,2 milhões), não foram incluídos porque estavam incompletos no site da Bovespa, explicou a Economatica.

Segundo Pedro Galdi, analista da SLW, a fraca demanda da indústria mundial, a maior competição com o aço importado e o aumento dos preços do minério, do carvão e da sucata afetaram o desempenho do setor. "O preço do aço caiu, em média, 10% em setembro no Brasil e esse cenário se mantém. Os resultados das empresas não devem melhor neste trimestre", afirma. Os setores que tiveram maior aumento de lucro foram o de transportes (73%) e o de produção de veículos e peças (102%), que inclui carros, máquinas agrícolas, vagões e caminhões. Devido à particularidade dos seus balanços, empresas do setor financeiro não entraram no levantamento.