14/04/10 14h14

Loteamentos mudam de perfil e agora oferecem casas prontas

Valor Econômico

As empresas de loteamento deram um passo à frente e entraram, definitivamente, no ramo da incorporação. Sem o apelo do financiamento - os bancos não atuam nesse segmento e os lotes são auto-financiados - elas partem para a diversificação do negócio: começam a vender também casas prontas e incorporam a amplitude do conceito dos bairros planejados. A estratégia começou na baixa renda por pura necessidade - sem crédito e, principalmente, subsídios, os loteamentos populares perderam a competitividade depois do Minha Casa, Minha Vida - e agora se estende a todos os padrões de projetos, inclusive alta renda.

Tradicional nas classes mais baixas, a Cipasa optou pelo que chama de consórcios imobiliários: entra com expertise da negociação e urbanização de grandes áreas e a incorporadora com a experiência em construção e em lidar com os bancos. Já está na segunda parceria com a Even. O primeiro foi em Campinas e o segundo em Canoas (RS). A Alphaville Urbanismo, comprada pela Gafisa em 2006, está com dois projetos-piloto - na média e alta renda - e, a partir de agora, a maioria dos novos condomínios terá um bolsão para casas prontas. Até a Scopel (único investimento do private equity Carlyle no Brasil), que tinha resistência em aderir ao modelo híbrido, está perto de fechar parcerias com incorporadoras.

De um lado, donas da principal matéria-prima do setor imobiliário - o terreno - as empresas de loteamento viraram o canal que as construtoras precisavam para ter acesso mais rápido a terras com processo de aprovação avançado e com infraestrutura. De outro, a parceria com as incorporadoras permitiu o acesso ao mercado de financiamento. "O modelo híbrido, com a venda de lotes e de casas prontos é o melhor", afirma Sérgio Villas Boas, presidente da Cipasa.

E a concorrência entre lotes e casas em um mesmo empreendimento? As empresas acreditam que exista público para os dois produtos. Comprar um terreno e erguer a própria casa, seja de qual padrão for, ainda é sonho de consumo de muitos brasileiros. O apelo da casa pronta - sobretudo quando se fala em alta renda, que geralmente prefere projetos personalizados - está na praticidade de entrar e morar sem as típicas dores de cabeça da auto-construção. A falta de grandes áreas passíveis de urbanização, próximas dos centros e em cidades com demanda, ainda não é problema em um país como o Brasil, mas já começa a preocupar - sobretudo quando se fala de alta renda. "A marca Alphaville ajuda a abrir portas, mas é fato que áreas grandes estão mais escassas", afirma Willer, da Alphaville. Tanto que Cipasa e da Scopel, que estavam restritas ao Estado de São Paulo, partem para outras regiões do país. A Scopel está indo para Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul e a Cipasa para o Rio de Janeiro e Sul do país.