14/02/11 15h17

LOréal estuda fazer aquisição no Brasil

Valor Econômico

O plano de expansão da francesa L'Oréal, que está praticamente sem dívidas e tem um caixa disponível de € 1,9 bilhão, está carimbado com o termo "aquisições" em letras maiúsculas e o Brasil, um dos maiores mercados de cosméticos do mundo, faz parte dele. "Seria interessante comprar uma marca no Brasil ou na Índia", disse Jean-Paul Agon, diretor-geral da L'Oréal, ao jornal "Le Figaro", em entrevista publicada na sexta-feira. "O Brasil é extremamente estratégico para a L'Oréal. É o terceiro maior mercado mundial de cosméticos, juntamente com a China, e, rapidamente, com esse ritmo de crescimento, estará entre os primeiros países em termos de faturamento do grupo", disse Agon ao Valor na sexta-feira, durante a apresentação dos resultados do grupo em 2010, na sede do grupo, em Clichy, nos arredores de Paris.

As vendas da L'Oréal no Brasil, sétimo maior mercado da empresa, cresceram 20,9% em 2010 em relação a 2009, para € 705 milhões (expansão maior do que o da América Latina, que foi de 17,5%). A valorização do real permitiu que o Brasil passasse a pesar 3,8% nas vendas do grupo francês, o que representa um aumento de 18,4% sobre 2009. "Temos grandes ambições em relação ao Brasil. Vamos ampliar nossa presença nas áreas de produtos capilares e solares e vamos desenvolver, progressivamente, nossas atividades nas linhas de produtos de cuidados com a pele e de maquiagem", diz Agon, que não deu mais detalhes sobre eventuais aquisições no Brasil.

"Nos mercados emergentes, muitos novos consumidores são novos compradores de cosméticos. Cabe a nós fazer com que eles prefiram imediatamente nossas marcas", diz Agon, que a partir de 17 de março será o novo presidente diretor-geral da L'Oréal, com a reunificação dos dois cargos. Praticamente sem dívidas e com um caixa de quase € 1,9 bilhão, além de um "tesouro de guerra" - a participação de cerca de 8% no capital da Sanofi-Aventis, considerada uma "reserva" que pode ser utilizada em grandes aquisições -, não faltariam recursos para a líder mundial entrar em ação.

Os "novos mercados", como a L'Oréal chama os emergentes, têm um peso cada vez maior nas contas do grupo. Em 1990, eles totalizavam 8% das vendas. Em 2010, eles passaram a 36,8%. Em 2020, a previsão é de que representem de 50% a 60% do faturamento do grupo. As vendas na China ultrapassaram a marca de € 1 bilhão (aumento de 11,1%). É o terceiro maior mercado mundial do grupo, atrás dos Estados Unidos e da França, e à frente da Alemanha e da Itália. O faturamento global da L'Oréal em 2010 atingiu € 19,5 bilhões, com aumento de 11,6% em relação ao ano anterior (ou de 5,6%, descontado o impacto dos efeitos de câmbio). Após um crescimento de 4% no ano passado, o mercado mundial de cosméticos deverá aumentar entre 3% e 4% em 2011, prevê Agon, que diz estar "confiante" de que a L'Oréal possa, novamente, crescer mais do que o mercado mundial.