08/10/14 14h49

L'Oréal Brasil tenta ganhar mercado

Folha de S. Paulo

Em um ano em que deverá crescer "um pouco mais lento" do que o que vinha experimentando, devido à desaceleração da economia, a L'Oréal Brasil decidiu aumentar os investimentos para ganhar mercado e avançar na posição que ocupa na indústria de beleza do país e nos resultados do grupo francês.

A empresa prevê investir R$ 240 milhões em 2014, na construção do centro de pesquisas, na modernização de fábricas e em infraestrutura.

O montante não inclui as as duas recentes aquisições, com valores não revelados. Em janeiro, concluiu a compra de 51% da gaúcha Empório Body Store, que será transformada em The Body Shop.

Há um mês, fez oferta pela fluminense Niely, de produtos de cabelos para a classe C, e aguarda aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência) para concluí-la.

"Temos grande ambição para o Brasil. Queremos ganhar mercado", diz Didier Tisserand, há 23 anos no grupo e no Brasil há três.

Originada da França, a L'Oréal hoje conta com 35 marcas no cardápio. No Brasil, são 26 das internacionais e uma nacional, a Colorama -a Niely será a segunda marca. Tem duas fábricas, no Rio e em São Paulo, que produzem 95% do que é vendido.

Entre 2008 e 2013, a L'Oréal Brasil viu suas receitas crescerem 86%, de R$ 1,18 bilhões para R$ 2,2 bilhões, média de 13,3% por ano.

Com o resultado, a empresa cresce à taxa superior ao do mercado de produtos de beleza, na faixa de 10% nos anos anteriores, o que a fez pular do sexto para o quarto lugar em 2013, atrás de Natura, Boticário e Unilever.

A desaceleração da economia não levou a empresa a rever planos. "Não miramos o pequeno evento. O segmento de bens não duráveis não vai cair tanto. O mercado de cosméticos deve crescer por volta de 8% este ano. O próximo ano será de transição. Não fazemos previsão mas temos crescido acima do mercado".

Tisserand disse que, no primeiro semestre, a operação brasileira cresceu à taxa de "um dígito alto". Em geral, o segundo semestre tem desempenho mais forte.

A receita mundial do grupo cresceu menos que a brasileira, 31% desde 2008, de € 17,5 bilhões para € 22,9 bilhões.

Considerando o câmbio médio nos períodos, a participação do Brasil na receita global cresceu de 2,5% para 3,3% em cinco anos.

O Brasil é o quarto mercado mundial de beleza, atrás de Estados Unidos, Japão e China. Na L'Oréal, o mercado brasileiro é sexto, mas o terceiro em velocidade de crescimento, atrás de Estados Unidos e China -o que mostra o potencial de expansão.

Um dos resultados mais comemorados da L'Oréal Brasil é o da divisão de cosméticos ativos -proteção de pele e prevenção do envelhecimento, que saiu do zero para liderança em 14 anos.

É fruto de agressiva estratégia junto farmácias -em que são criadas seções dedicadas aos produtos Vichy, La Roche Posay e SkinCeuticals- e a dermatologistas. O resultado é o terceiro melhor em todo o grupo.