Lojas de conveniência diversificam serviços para fidelizar clientes
Setor, que projeta crescimento de pelo menos 10% este ano, tem como desafio mudança de perfil
Brasil EconômicoO setor de lojas de conveniência prevê crescimento de no mínimo 10% esse ano, mesmo com o cenário de crise econômica. No ano passado, as vendas tiveram alta de 17% ante 2013 e fecharam em R$ 6,8 bilhões. O otimismo do lado de dentro das conveniências contrasta com o humor no pátio das bombas de combustíveis.
As vendas de combustíveis no país — que em 2014 chegaram a 144,6 bilhões de litros,uma alta de 5,3 % ante 2013, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)— encolheram 0,4% no primeiro bimestre deste ano, de acordo com dados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).
Diante disso, os postos de combustíveis, que já vinham mudando seu perfil nos últimos anos, devem acelerar ainda mais o processo, com maior oferta de serviços e de conectividade entre as diferentes áreas do posto afirma Alexandre Van Beeck, head de Consultoria da GS&AGR Consultores.
“A loja de conveniência tem a função de facilitar a rotina de quem não tem tempo. Como pouco mais de sete mil postos têm lojas de conveniência no país, em um universo de 40 mil postos, ainda há muito potencial para o crescimento desse mercado no Brasil. O valor médio de compra gira hoje em torno de R$ 11 por pessoa”, enumera Van Beeck.
Ir além do tradicional é um dos desafios deste mercado. Segundo uma fonte do setor, grandes redes de lojas de conveniência, caso da bandeira AMPM, da rede de postos Ipiranga, está fazendo testes com uma rede de lavanderias para, ao invés de abrir uma loja física, montar um espaço menor, com armários, onde o cliente deixa as roupas que deseja que sejam lavadas e passadas, e as busca dois dias depois.
“Além de agilizar o processo, o sistema se torna eficiente para postos com menos espaço para a abertura de lojas, mas que podem apresentar o serviço como um diferencial. Isso, além de ser um meio eficiente de ampliar a oferta de serviços, gera fidelidade, algo que o setor precisa trabalhar de forma constante”, assinala da fonte.
Ainda segundo a mesma fonte, a Ipiranga está testando a ampliação do serviço Conectcar, usado para abastecer carros e para a troca de óleo. Antes, o serviço dava desconto nas compras nas lojas AMPM. Mas agora, a ideia é que as compras dentro das lojas também possam ser feitas com o cartão. O Conectcar é uma empresa de meios de pagamento eletrônico criada pela Ipiranga e outros parceiros, como a Odebrecht, para uso em rodovias e shoppings, pelo sistema de compra de créditos para passagem em pedágios. No segmento de marca própria em food service, a AMPM tem uma linha de 110 itens. E vem investindo no café da manhã como um meio de atração de consumidores que não fazem o desjejum em casa. Segundo a empresa, 370 lojas no país têm um espaço para tomar o café com uma oferta de produtos próprios da padaria da marca.
Com 1.064 lojas, a BR Mania, bandeira da Petrobras Distribuidora, faturou R$ 1 bilhão em 2014 e a projeção é de alta de 20% esse ano. De acordo com a empresa, o posicionamento em food service segue como o carro chefe do negócio, com ênfase em marca própria de pratos prontos para microondas. Hoje, o mix é formado por 150 produtos.
Rubem Slaviski, diretor de Negócios da ExpoPostos & Conveniência, afirma que a oferta de produtos qualificados vem aumentando neste segmento.
“Vemos, além do segmento de alimentação, algumas novidades que dependem muito mais da iniciativa do dono do posto. Caso de barbearias com toque vintage, que atendem ao cliente masculino que vai ao posto. Isso é um diferencial, já que pesquisas apontam que as mulheres são maioria nas lojas de conveniência”, completa ele.