16/11/10 11h46

Loja de rua ganha peso no plano das varejistas

Valor Econômico

Ninguém duvida que os shoppings - onde as pessoas não sentem frio ou calor, são encorajadas a esquecer as horas pois não há relógios nas paredes, e têm a comodidade de encontrar vários produtos e serviços no mesmo espaço - são uma grande ação de marketing. Em termos de vendas, os shoppings devem crescer 16% neste ano, para R$ 87 bilhões (US$ 51,2 bilhões), o mesmo percentual projetado para todo o comércio nacional, na faixa dos R$ 2 trilhões (US$ 1,18 trilhão), segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Em tempos de expansão acelerada, grandes varejistas não querem limitar-se aos shoppings e buscam as ruas. "Nós já estamos na maioria dos shoppings que queremos estar e nem todos que vão inaugurar nos interessam", diz o presidente da Renner, José Galló. Neste ano, que deve encerrar com 14 novos pontos, somando 134, a varejista gaúcha inaugurou apenas uma loja de rua, a da avenida Paulista, a primeira da cidade de São Paulo localizada fora de shopping. O sucesso da megaloja de 3,2 mil m 2, onde foram aplicados R$ 6,3 milhões (US$ 3,7 milhões), motivou a Renner a fazer novas investidas. Das 30 lojas previstas para 2011, pelo menos três serão de rua, em pontos estratégicos, de alta visibilidade e fluxo de consumidores.

É nesse cenário que as lojas de rua ganham atenção especial. Trata-se de um espaço onde o custo de operação é, em média, 10% inferior ao de shopping (não embute despesas como fundo de promoção e condomínio), comporta pontos de venda de diferentes formatos (especialmente as megalojas, caras demais nos shoppings) e os locatários não precisam pagar percentual sobre as vendas, praticamente uma regra nos grandes centros de compras. "De certa forma, no shopping somos punidos quando crescemos", diz Eloah Antunes, gerente da Via Veneto. A empresa, dona de 142 lojas de cinco bandeiras de moda, entre elas a Brooksfield, acaba de abrir a sua primeira loja de rua na Avenida Paulista. Foram investidos R$ 1,7 milhão (US$ 1 milhão) em 600 m2, espaço que dificilmente a varejista alugaria em um shopping onde mantém pontos entre 250 e 300 m2.

A Marisa, diferentemente dos concorrentes, mantém um portfólio mais equilibrado entre lojas de rua e de shopping. "Nosso público é a classe C, a principal presença das ruas", diz Ricardo Ribeiro, diretor de expansão. Até o fim do ano, enquanto estão sendo abertos 16 shoppings no país, a Marisa inaugura 53 lojas (somando 278), nas quais foram investidos R$ 128 milhões (US$ 75,3 milhões), o que demonstra o quanto o apetite do varejo tem sido voraz. A tacada mais ousada da rede foi a inauguração da loja na Avenida Paulista em 4 de maio, um dia antes da inauguração da loja da Renner. Com apenas sete meses, o ponto da Marisa, de 944 metros quadrados, vai passar pela primeira expansão, somando outros 148 metros. Ribeiro garante que há várias outras cidades que são foco de lojas de rua, como Caraguatatuba, no litoral paulista, ou cidades da Baixada Fluminense, todas beneficiadas economicamente pela exploração do pré-sal.