27/04/11 11h15

Locar acelera plano para crescer no setor marítimo

Valor Econômico

Depois de consolidar uma empresa que nasceu do zero como uma das maiores da América Latina no segmento de locação de máquinas e movimentação de carga pesada, o empresário Julio Eduardo Simões, dono da Locar, começa a acelerar o plano de se tornar também um grande operador no setor de navegação. Ele já opera balsas e barcos, tem uma base de apoio na Ilha do Governador (RJ) e até 2015, dos R$ 750 milhões (US$ 468,8 milhões) que planeja investir, vai destinar R$ 250 milhões (US$ 156,3 milhões) para ampliação do número de embarcações e na montagem de novas bases. O objetivo é oferecer desde o transporte de carga pesada até serviços de apoio aos setores de petróleo, petroquímica, mineração e siderurgia, entre outros.

A área de navegação é fundamental para a empresa atingir o faturamento de R$ 1 bilhão (US$ 625 milhões) projetado para 2015. Este ano a Locar deve chegar aos R$ 550 milhões (US$ 343,8 milhões), alta de 58% sobre os R$ 348 milhões (US$ 197,7 milhões) de 2010. Os guindastes ainda representam a maior parte da receita, perto de 60%. Enquanto a área marítima fica com apenas 7%. Transportes especiais (15%) e gruas, plataformas e manipuladores (5%) completam o faturamento. A previsão para 2015 é que o marítimo responda por 15%, contra 55% dos guindastes.

A empresa já tem 14 embarcações que fazem movimentação de carga e atuam em trabalhos especiais, como a salvatagem em Vitória (ES) para a Vale - dois descarregadores da mineradora sofreram um acidente no porto capixaba e naufragaram no fim do ano. O plano é chegar a 21 unidades até o fim de 2012 e atingir 35 em 2015. Do total, R$ 60 milhões (US$ 37,5 milhões) serão gastos na compra de seis embarcações do tipo Line Handlers, em construção no estaleiro SRD, em Angra dos Reis (RJ), exclusivamente para a Petrobras. A Locar já atende a estatal, mas fechou outro contrato de oito anos para as novas embarcações, prorrogável por mais oito. Os barcos servirão de apoio às plataformas que a estatal tem no alto mar.

Mas o grande xodó de Simões no momento é um barco lançador de tubos, chamado de Locar Pipe, que está sendo construído no estaleiro Rio Maguari e entra em operação no fim de 2012. Ao custo de R$ 55 milhões (US$ 34,4 milhões) e participação do BNDES, o barco será usado para lançar dutos em águas rasas até 100 metros, mas também pode servir como um hotel flutuante. A embarcação terá capacidade para acomodar até 150 pessoas e contará com heliporto, refeitório, ambulatório e até sala de ginástica. Quanto as novas bases de apoio, não existe definição sobre os possíveis locais. A base da Ilha do Governador já recebeu R$ 25 milhões (US$ 15,6 milhões), de um total de investimento de R$ 50 milhões (US$ 31,3 milhões). Por enquanto é usada apenas para os navios da própria Locar, mas a intenção é abrir para embarcações de terceiros.

Simões conta que o modal marítimo complementa o serviço que já oferecia no transporte de cargas pesadas por rodovias. "Agora temos condições de pegar um peça para a refinaria de Suape em Pindamonhangaba (SP), descer de caminhão até o litoral, colocar em um dos nossos barcos e levar até o canteiro da obra. E se o cliente precisar, ainda podemos oferecer serviços de engenharia e entregar a peça montada."