24/05/11 15h30

Locação de veículos fatura US$ 2,9 bi em 2010

DCI

O aluguel de veículos no Brasil é uma indústria em franca ascensão: faturou R$ 3,99 bilhões (US$ 2,2 bilhões) em 2008, R$ 4,37 bilhões (US$ 2,2 bilhões) em 2009, e R$ 5,11 bilhões (US$ 2,9 bilhões) em 2010, o que representa uma alta de 18% no último ano. A frota do setor segue no mesmo ritmo: era de 318.865 carros em 2008, 363.456 em 2009 - e atingiu 414 mil veículos em 2010, de acordo com dados da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis, a Abla, divulgados hoje em São Paulo. Para 2011, a entidade projeta expansão da atividade no País, ainda que um pouco menor do que os 18% registrados em 2010.

Poucos sabem, mas as compras de veículos feitas pelas locadoras absorvem 10% da produção total de nossas montadoras, aproximadamente. A modalidade mais tradicionalmente associada a este setor, o aluguel de carros para particulares, na verdade responde por uma fatia minoritária do faturamento das empresas: 48%. A maior parte da renda das mesmas vem da terceirização de frotas para outras companhias: 52%. Estudo feito pela Abla aponta que, ao abdicar de manter frota própria e optar por terceirizá-la, uma empresa chega a obter uma economia de 25% em suas despesas com este item. A luta das locadoras, agora, é para derrubar o preconceito segundo o qual alugar carro é "coisa de rico" (que ainda encontra algum eco no Brasil) fazendo a prática disseminar-se em definitivo pelo País afora.

Paulo Gaba Jr. é presidente do conselho nacional da Abla. Ele explica o porquê de seu otimismo com o futuro da atividade por aqui: "A tendência mundial de terceirização de frotas tem no Brasil um de seus mercados mais promissores. O número de veículos que estão alugados para empresas entre nós gira em torno de 200/250 mil carros, mas pode crescer exponencialmente, pois há hoje no País 6 milhões de veículos em nome de pessoas jurídicas - passíveis de terceirização, portanto". Ao escolher alugar uma frota ao invés de mantê-la, uma companhia deixa de ter de se preocupar com a manutenção dos veículos, seguros e outros custos, enfatiza ele.

A luta, de fato, é para popularizar a locação de veículos. Prática muito comum nos EUA e na Europa, no Brasil ela aos poucos vai caindo no gosto das pessoas. "Precisamos lembrar que, há apenas 10 anos, uma diária de um carro equivalia a 51% de um salário mínimo. Nestas condições, não tinha mesmo como ser algo popular", observa Roberto Mendes, diretor de Finanças e Relações com Investidores da Localiza. "Hoje, esta mesma diária corresponde a 15% de um salário mínimo. Já está acessível para mais gente, portanto". O crescimento do turismo interno e a maior concorrência na área, a qual aumenta opções e baixa preços, também ajudam na expansão do setor. Por outro lado, a atomização que vive hoje a atividade no País pode roubar eficiência das empresas, que não têm porte para oferecer promoções, por exemplo.

Além da cada vez maior aceitação da ideia de se alugar um automóvel por parte da população, o Brasil é a bola da vez em campeonatos esportivos nos próximos anos - os quais sempre alavancam fortemente a atividade. Copa e Olimpíadas, afinal de contas, estão próximas: 2014 e 2016, respectivamente. "Além destes dois grandes eventos - que favorecem o turismo e a necessidade das pessoas alugarem carros para se deslocarem por cidades que estão visitando -, há bons indícios de que a prática de terceirizar frotas pegou de vez no Brasil. Setores-chave como a construção civil, serviços e telecomunicações, todos grandes usuários da terceirização, deverão crescer acima da média nos próximos anos, garantindo boas oportunidades para as locadoras de automóveis", afirma Gaba Jr., confiante de que, enfim, a hora e a vez da indústria de locação de veículos chegou no Brasil.