29/10/09 10h59

Líder em molho de soja, Sakura estuda vender petiscos e bebidas

Valor Econômico

Nos anos 70, quando os vidrinhos de molho de soja, ou shoyu, eram desconhecidos dos restaurantes brasileiros, a Sakura, a maior fabricante do produto na América Latina, usou uma estratégia ousada de divulgação: "Vou deixar umas três unidades por aqui e, quando passar um cliente japonês, ofereça a ele", diziam os representantes comerciais da empresa. Três décadas depois, o tempero típico da culinária japonesa foi muito além do reduto oriental e é encontrado em qualquer estabelecimento que sirva comida por quilo. Agora, a Sakura está empenhada em reduzir o teor de sódio no shoyu, para não afastar o consumidor em busca de uma dieta saudável, e estuda entrar em segmentos como petiscos, chás e bebidas não-alcoólicas. "Nós já temos uma versão light, com 35% menos sódio, mas estamos desenvolvendo uma versão com teor ainda menor desse ingrediente", diz Roberto Ohara, vice-presidente da Sakura.

O plano da Sakura é investir, até 2014, R$ 25 milhões (US$ 14,5 milhões), com recursos próprios, para aprimorar o processo de produção do shoyu, introduzindo novas tecnologias para reduzir o seu teor de sódio. O capital também será aplicado na expansão do mix de produtos, inclusive com o desembarque em novas categorias. "Estamos estudando entrar em segmentos como petiscos, chás e bebidas não-alcoólicas", diz Ohara, terceira geração à frente da empresa, fundada em 1940 e que detém 80% do mercado de molho de soja do país - o restante é dividido entre a Yoki, a Cepêra e outras empresas. O produto responde por 45% do faturamento da Sakura, de R$ 80 milhões (US$ 43,7 milhões) em 2008.

Diversificar o portfólio não é algo novo para a Sakura. Embora sua especialidade esteja nos "molhos líquidos frios" (shoyu, pimenta, inglês e alho), que somam 70% das suas vendas, a empresa avançou na última década para legumes em conserva, coberturas doces, saquê, licor e até vinho. Cerca de 30% do volume vendido pela empresa, por sinal, é fabricado por 22 fornecedores. Entre eles, estão as paulistas Predilecta (de Matão), que fabrica o ketchup da marca Kenko, e a Castelo (de Jundiaí), responsável pelo vinagre de arroz da companhia. Mas a Sakura também produz a marca própria de terceiros, especialmente de grandes varejistas como Carrefour, Wal-Mart e Pão de Açúcar (para quem fabrica molhos e algumas conservas), e até de grandes companhias, como a Unilever, para quem fornece alguns molhos que recebem a marca Knorr.

Ao mesmo tempo em que estuda a entrada em novas categorias, a empresa está reorganizando a produção nas suas quatro fábricas (três no Estado de São Paulo e uma em Goiás) para aumentar a eficiência. "O mix de produtos está espalhado nas quatro unidades", diz Ohara, que vem dedicando especial atenção à fábrica goiana. A planta acaba de receber investimentos de R$ 2 milhões (US$ 1,16 milhão) para aumentar a produção do molho de pimenta Brava, marca premium da companhia, e cuja extensão do portfólio resultada de parceria mantida com a Embrapa, na pesquisa de novos tipos de pimenta. "O Brasil tem o maior berço genético de pimentas do mundo, mas ainda não criou uma identidade nesse mercado", diz Ohara. Mais uma missão para a paciente e determinada cultura oriental.