Libbs lança maior fábrica de biológicos “single use”
ProtecA Libbs Farmacêutica, empresa 100% brasileira, lança quinta-feira (12/12) , no seu complexo industrial em Embu das Artes (São Paulo), a pedra fundamental de sua unidade de medicamentos biotecnológicos, na qual serão produzidos anticorpos monoclonais para o tratamento de câncer, artrite reumatoide e outras doenças autoimunes.
Projetada para ser a maior do mundo com sistema de produção que utiliza biorreatores com bolsa descartável “single use”, em vez de aço, a planta de biotecnologia da Libbs representa um marco importante para que o Brasil supere a dependência estrutural em saúde por meio do fortalecimento do parque produtivo nacional e da redução da vulnerabilidade brasileira em relação ao mercado internacional de produtos farmacêuticos.
Na primeira das três fases de implantação, a partir do primeiro semestre de 2016, a nova fábrica terá capacidade para processar oito mil litros de células animais para a produção de anticorpos monoclonais. Quando completar a terceira fase, a capacidade será de 24 mil litros, o quádruplo da produção da maior fábrica do mundo atualmente, localizada na Ásia.
A principal vantagem da tecnologia “single use” é a sua flexibilidade. Como as bolsas dos biorreatores são descartáveis, não se perde tempo com operações de descontaminação e limpeza.
Além disso, existe a vantagem de economia de água. As bolsas descartáveis, depois de usadas, passarão por uma autoclave para descontaminação e serão incineradas.
“Acreditamos que este momento é muito importante não apenas para a Libbs, mas para o País, porque abre caminho para a nossa independência e o domínio tecnológico de uma área até então inacessível para a indústria brasileira, possibilitando o acesso à biotecnologia de 2ª geração, que tem revolucionado o tratamento de diversas doenças e assumido parcela cada vez maior na introdução de novos fármacos”, afirma Alcebíades de Mendonça Athayde Junior, presidente executivo da Libbs.
Para dar início à operação de biotecnologia, a Libbs firmou uma parceria com a Mabxience S.A. (empresa pertencente à farmacêutica Chemo, ambas do Grupo Insud) que prevê a transferência de tecnologia da produção de seis anticorpos monoclonais biossimilares.
Medicamentos biológicos são aqueles originados a partir de um processo biológico. Isto é, o princípio ativo do medicamento é obtido por meio do emprego industrial de micro-organismos ou células modificadas geneticamente, o que permite a produção de proteínas mais complexas, com menor efeito colateral do que as já existentes.
Em junho deste ano, o Ministério da Saúde aprovou seis propostas de PDPs (Parceria para o Desenvolvimento Produtivo) da Libbs para a produção de medicamentos biológicos (Rituximabe, Etanercepte, Cetuximabe, Bevacizumabe, Trastuzumabe, Adalimumabe), em parceria com os laboratórios públicos Butantan e Bahiafarma.
O primeiro produto da parceria, o Rituximabe, usado no tratamento de linfoma não-Hodgkin, leucemia linfoide, artrite reumatoide e outras doenças autoimunes, já teve seu estudo clínico (o primeiro de medicamento biossimilar a ser conduzido por uma empresa brasileira) aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e está em fase de avaliação na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O estudo envolverá cerca de 60 pacientes no Brasil, além de outros 190 pacientes em outros países da América Latina, da Europa e da África do Sul.
O complexo industrial da Libbs, localizado em Embu das Artes, a 23 km de São Paulo, ocupa uma área de aproximadamente 148 mil m² e é composto por duas unidades, sendo uma química, de produção de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs), que permite a verticalização de grande parte de sua produção, uma unidade farmacêutica, com capacidade produtiva de 120 milhões de unidades ao ano, e um Centro de Desenvolvimento Integrado (CDI), que reúne equipe multidisciplinar atuando na produção de conhecimento inovador aplicado ao desenvolvimento de medicamentos e novas rotas para a síntese de ingredientes ativos.