11/04/13 15h14

Lenovo vai produzir novas linhas no Brasil

Valor Econômico

A fabricante chinesa de equipamentos Lenovo planeja iniciar a fabricação de mais dois produtos no Brasil: equipamentos de armazenagem de dados e servidores - máquinas usadas por empresas para o processamento de informações. A companhia não revela o valor do investimento. A produção será feita na unidade que a companhia inaugurou recentemente na cidade de Itu (SP). "Até o fim de 2013 teremos um portfólio completo para oferecer ao mercado", disse Dan Stone, presidente da Lenovo no país, ao Valor.

A fábrica de Itu entrou em operação no fim de janeiro e foi construída com investimento de US$ 30 milhões feito em 2012. "É a única fábrica onde fazemos tudo em uma só unidade. Geralmente fazemos coisas diferentes em locais diferentes, mas aqui fazemos de tudo em um só espaço. E isso nos dá flexibilidade para atender o mercado brasileiro", afirmou Stone.

De acordo com o executivo, a fábrica de Itu - onde também fica o centro de logística da companhia - tem 300 pessoas e estará em pleno funcionamento no fim de maio. Hoje, a Lenovo monta no Brasil notebooks e desktops sob a marca Lenovo, além de TVs, celulares e computadores por meio da CCE, adquirida em setembro do ano passado por US$ 147 milhões.

De acordo com Stone, a integração com a companhia brasileira está sendo feito por etapas, levando em consideração o que cada empresa faz de melhor. "A abordagem da Lenovo em aquisições não é de fazer mudanças sem necessidade. Se vemos que uma parte do negócio funciona melhor como está, deixamos assim", disse.

A Lenovo está fazendo uma reforma completa na sede da CCE, um prédio localizado na zona norte de São Paulo. A ideia, segundo o executivo, é centralizar nessas instalações tudo o que for relacionado aos produtos vendidos aos consumidores residenciais, como TVs e celulares. No escritório da Lenovo, na zona sul da capital, ficarão as decisões sobre os equipamentos para empresas, como os computadores da linha ThinkPad.
No mesmo local está a área de venda de equipamentos de armazenagem de dados da marca Iomega. Essas linhas de produtos foram adicionadas recentemente ao portfólio da Lenovo por meio de uma joint venture global com a fabricante americana EMC - dona da Iomega desde 2008.
Pelo acordo, foi criada uma nova companhia, a LenovoEMC, que ficará responsável pelos produtos que a Iomega fazia. As duas companhias vão compartilhar o desenvolvimento de novos produtos e poderão vender equipamentos por meio de suas próprias equipes.

A LenovoEMC tem produtos que podem ser usados por consumidores residenciais e empresas de pequeno e médio portes. No Brasil, a Lenovo vai montar apenas os equipamentos para residências e pequenas empresas, conhecidos como network attached storage, ou NAS, na sigla em inglês. Os produtos que chegavam ao eram país importados.

A expansão das atividades da Lenovo no Brasil é ensaiada desde 2008, quando a companhia fez uma proposta de compra da Positivo Informática, negócio que não foi concluído. No ano passado, os planos começaram a ganhar força com o investimento na fábrica de Itu e a compra da CCE. Em entrevista ao Valor na época da aquisição da CCE, Stone afirmou que a Lenovo passaria a ter uma receita superior a R$ 2 bilhões no país.

A estratégia global da companhia chinesa - segunda maior vendedora de PCs do mundo - é diversificar a oferta ao adicionar produtos como tablets, TVs e celulares. No Brasil, a companhia pretende atuar com duas marcas: a linha da CCE para produtos com preços acessíveis e a Lenovo, com equipamentos mais caros. "Vamos ter de tudo sob cada marca; é só uma questão de planejar os lançamentos", disse Stone.

Nas próximas semanas, serão lançados novos smartphones da CCE, que estavam em desenvolvimento antes da aquisição pela Lenovo. De acordo com Stone, até o Natal podem chegar às prateleiras produtos criados em cooperação com equipes de pesquisa e desenvolvimento da Lenovo na China, ou na Europa. O uso de tecnologias de empresas do grupo não significa, no entanto, que a CCE terá que seguir cronogramas pré-estabelecidos para seus lançamentos. "A CCE vai manter os relacionamentos com os fornecedores que ela já tinha e continuará a desenvolver produtos voltados especificamente para o mercado brasileiro", disse Stone.