10/01/13 14h22

Lenovo diversifica oferta no país

Valor Econômico

A fabricante chinesa de computadores Lenovo coloca em prática este ano no Brasil a estratégia global de oferta integrada em quatro telas - PC, TV, smartphones e tablets. Conhecida no país pela oferta de computadores, a companhia segue a linha das sul-coreanas LG e Samsung.

Para dar início à estratégia, a Lenovo adquiriu em setembro do ano passado, por R$ 300 milhões, a Digibras Participações, dona da marca CCE. O capital foi integralizado no dia 2. Antes disso, em julho, anunciou aporte de US$ 30 milhões na construção de uma fábrica em Itu (SP), que entrou em operação este mês e tem capacidade para fabricar 1,4 milhão de computadores ao ano. No ano passado, a Digibras produziu aproximadamente 887 mil unidades.

Em entrevista ao Valor Pro, Dan Stone, presidente da Lenovo no Brasil desde junho de 2012, disse que a meta é entrar nos segmentos de eletroeletrônicos e smartphones, usando tanto a marca CCE quanto a Lenovo. "A CCE é uma marca que está no mercado há muitos anos, é conhecida e possui um portfólio com preços acessíveis. Podemos nos tornar muito competitivos rapidamente com as duas marcas", afirmou.

A Lenovo pretende aproveitar os conhecimentos da Digibras sobre o mercado brasileiro para trazer ao país produtos adaptados ao gosto do consumidor. "Podemos agregar valor à marca mantendo a oferta de produtos a preços acessíveis", disse Stone, observando que a marca tem participação de mercado significativa nas classes C e D, sobretudo na região Nordeste.

A companhia também trará ao país este ano smartphones, aparelhos de TV e tablets com a marca Lenovo. Esse movimento já começou ontem com o lançamento de uma linha de smartphones, um miniultrabook e um laptop conversível em tablet.

Na área de smartphones, Stone disse que a Lenovo é a segunda maior fabricante no mercado chinês. Sua participação é de 11%, segundo a IDC, e está entre as maiores competidoras na Ásia. "A meta global para este ano é expandir a oferta de smartphones principalmente em países emergentes, o que inclui o Brasil", disse o executivo. A produção poderá ser feita no Brasil futuramente, dependendo do volume de vendas.

Após a aquisição da Digibras, a Lenovo passou a deter quatro fábricas no Brasil, três das quais em Manaus e uma em Itu. Agora, a companhia procura um local para instalar um centro de pesquisa e desenvolvimento. Para isso, reservou orçamento de US$ 1 milhão.

Na área de computadores, a Lenovo dobrou sua participação no mercado brasileiro de PCs com a compra da Digibras, para 7%. A meta é chegar à liderança nos próximos dois anos, segundo Stone. O topo no ranking é atualmente disputado por Positivo Informática, Hewlett-Packard (HP) e Samsung.

Globalmente, a companhia cresce de forma agressiva nas áreas de computadores e smartphones. No terceiro trimestre de 2012, ultrapassou a HP e tornou-se líder em vendas globais de PCs, com 13,8 milhões de unidades e 13,1% de participação, segundo a consultoria Gartner. As vendas da companhia no período cresceram 9,8%, enquanto o setor registrou uma queda de 8,3%.

A Lenovo adquiriu a divisão de PCs da IBM em 2005 e tem crescido globalmente por meio de aquisições. No ano passado, adquiriu 51% da unidade de computadores da japonesa NEC, por meio de um aporte de US$ 175 milhões, e passou a liderar esse mercado. A companhia também adquiriu participação majoritária na fabricante alemã de computadores e eletrônicos Medion AG, em um acordo que envolveu dinheiro e ações no valor de € 465 milhões (US$ 582 milhões). Em 2012, a Lenovo assumiu a liderança no mercado de PCs desses dois países.

Na Índia e na China, a fabricante também está entre as líderes. "O Brasil é o único entre os três maiores mercados de computadores do mundo onde ainda não disputamos a liderança", disse Stone. Os dois outros maiores mercados de PCs são China e Estados Unidos.

O balanço mais recente divulgado pela companhia refere-se ao segundo trimestre fiscal, encerrado em 30 de setembro de 2012. No trimestre, a Lenovo registrou aumento de 13% em seu lucro líquido em relação ao mesmo período do ano fiscal anterior, para US$ 162,1 milhões. A receita líquida global cresceu 11% no mesmo intervalo, para US$ 8,6 bilhões, sustentada sobretudo pelo avanço de 10,3% nas vendas globais de PCs e smartphones.