19/02/14 14h40

Lenovo amplia produção local e alinha estratégia para crescer em 2014

Companhia anunciou, também, a ampliação da parceria com a EMC, expandindo a oferta de soluções para o mercado corporativo

crn.itweb.com.br

A Lenovo volta a mostrar sua sede de fazer negócios em território brasileiro. E as novidades chegam de baciada. A companhia anunciou a expansão da parceria com a EMC para a fabricação local (na fábrica em Itu, São Paulo) da linha de servidores ThinkServer TS140, RD540 e RD640 – equipamentos destinados às pequenas e médias empresas. Os produtos começam a ser comercializados a partir de março.

Lenovo e EMC já mantém uma joint-venture desde dezembro de 2012 para armazenamento, quando a fornecedora asiática incorporou a marca Iomega, hoje Lenovo | EMC.

A fábrica no interior paulista também construirá a primeira linha de workstation da Lenovo. O portfólio abrange os modelos ThinkStation E32, S30 e D30, mirando negócios nas verticais de arquitetura, engenharia, construção, mídia e entretenimento, óleo e gás, finanças, educação e saúde.

Mas não é só isso. A partir de agosto deste ano, os smartphones proprietários da fabricante, como o Vibe X e o K900, além do novo phablet Vibe Z, chegam ao País por meio de fabricação local, o que dará maior competividade para a empresa no mercado de alto consumo. Com isso, a Lenovo conseguirá atacar por completo as oportunidades de mobilidade, ficando a parte de baixo dessas ofertas por conta da CCE.

Quanto ao estreitamento com a EMC
Joel Schwartz, vice-presidente e diretor geral de desenvolvimento global de novos negócios da EMC Corporation, contou uma história sobre a antiga aliança que sua companhia teve com a Dell na área de servidores e storage. Segundo ele, durante o tempo que durou, ambas companhias prosperaram muito, e tiveram receitas enormes. “Até que em 2007, a Dell disse que poderia fazer melhor sem nós”, conta.

Após estudo de mercado para voltar a ter uma aliança do mesmo gênero, a organização chegou a Lenovo, devido à agressividade nas vendas em âmbito global e o foco em desenvolvimento de tecnologias de alta qualidade, diz o executivo.

“Hoje, não acredito que exista uma companhia melhor para fazer esta parceria se não a Lenovo. E não é para fazer o que a Dell fez. É para fazer muito melhor”, dispara Schwartz. “Agora vamos juntos ao mercado. Nós com o storage e a Lenovo com os servidores.”

Com isso, o Brasil se torna o hub de desenvolvimento de servidores da Lenovo em parceria com a EMC, com equipamentos sendo exportados para todo o mundo. O centro de pesquisa e desenvolvimento da Lenovo em Campinas (SP), em parceria com a Unicamp, é chave para esse negócio. O centro de P&D recebeu investimento de US$ 100 milhões de dólares.

“Não existe nenhuma outra empresa com esse investimento e desenvolvimento no País. Os concorrentes não têm o que falar. Temos o melhor produto, com melhor preço, e apostamos muito no Brasil”, pondera Joarez Bertholdo, diretor executivo de B2B da Lenovo Brasil. “Nos próximos dois anos, a liderança nesse mercado [servidores e storage] será nossa.”

Smartphones e tablets
Para concorrer no mercado brasileiro, é necessário fabricar em solo nacional. Dessa forma, há diversos benefícios governamentais que tornam o preço final mais atrativo para o cliente e consumidor. E com a fabricação de smartphones e tablets no País, as oportunidades para a Lenovo darão um salto e tanto.

Lançado recentemente, o Yoga tablet já está sendo produzido em Itu. Os smartphones chegam no Brasil em agosto, respeitando a uma agenda de inovação e competitividade da companhia, para poder crescer sem ter problemas de escala, conta Dan Stone, vice-presidente para a América Latina e gerente-geral Brasil da Lenovo.

As expectativas quanto aos negócios que serão gerados com a chegada dos novos equipamentos nas lojas de varejo e distribuidores são bastante grandes, complementa Bertholdo.

E, novamente, a CCE, então, atenderá às demandas de baixo da pirâmide e a fabricante chinesa o topo. E não há planos de acabar com a marca brasileira adquirida no final de 2012. “Estamos exportando a CCE para a Colômbia. A ideia é jogar a marca para toda a América Latina”, conta Stone.

Embora não possa falar de forma aberta, o VP afirma que a adição da tecnologia da Motorola Mobility ao portfólio da Lenovo será “extremamente bem-vinda” e dará muitas novas opções de produtos para o usuário final.

Fabricação e competitividade
Em agosto do ano passado, um relatório apontava que a Lenovo diminuiria sua parceria para a fabricação de equipamentos com parceiros como a Compal, Flextronics, Wistron entre outros, para priorizar a produção in-house. A fábrica de Itu estava no mapa para ter sua capacidade aumentada.

Em 2013, a unidade fabril de Itu finalizou 800 mil equipamentos. E a capacidade pode chegar a 2 milhões de produtos fabricados anualmente, entre PCs, desktops, servidores etc.

“Com essa fábrica, eu posso fazer qualquer produto da Lenovo no mundo aqui no Brasil, desde os equipamentos de entrada até aos equipamentos para grandes empresas”, informa Bertholdo.

Ele conta, também, que a fábrica da CCE em Manaus (AM) recebeu “um investimento enorme” para adequar sua capacidade e linha de produção ao modelo global da Lenovo. “Hoje, nossa logística e capacidade fabril nos permite produzir placas em Manaus, rodar software que é desenvolvido em Campinas e fechar o produto em Itu. E é isso que nos fará cada vez mais competitivos”, visualiza.

A constatação clara do executivo é que, hoje, a companhia pode dizer que está no mercado com soluções completas, seja do próprio portfólio ou seja com ofertas em conjunto com fabricantes parceiros, como EMC, VMware, Extreme Networks e Microsoft. “Perdemos muitos negócios por não termos uma solução completa para nossos clientes. E a Lenovo trabalhou durante esses anos para poder ter algo realmente aderente às necessidades corporativas”, finaliza.

Com a aquisição da área de servidores x86 e System X da IBM, que ainda está para ser finalizada, embora já exista direcionamentos bem claros para como a transição será feita, a Lenovo conseguirá atender de pequenas a grandes empresas de forma escalável.

Canal como coração da estratégia da Lenovo
As intenções da Lenovo são de crescer no mercado corporativo. Das PMEs às grandes corporações. E os canais são essenciais para esse negócio – com olho em toda a pirâmide de oportunidades.

O planejamento estratégico da companhia para 2013 e 2014 tem sido cumprido à risca. Entre o terceiro quartil de 2012 e o mesmo período no ano passado, a companhia obteve um salto em sua presença no mercado corporativo, saindo de 6% para 15,1%.

Atualmente, conta Dan Stone, entre 30 a 40% do negócio da Lenovo no Brasil é proveniente das empresas. “E vamos aumentar o número de canais e transformar o relacionamento com eles para ganhar e aumentar essa porcentagem”, diz ele. “O canal é o coração da estratégia da Lenovo.”

Em uma breve definição do papel da equipe de vendas da fabricante, onde os parceiros também apareciam como parte da companhia, existia uma definição prévia de que os canais só atenderiam PMEs. Porém, Bertholdo afirma categoricamente que a definição é meramente didática. “O parceiro, se agregar valor no pós e pré-venda, estará com a Lenovo nas grandes empresas”, ressalta. “Na China, a Lenovo é 99,9% canal. É algo do DNA da companhia dar vazão para as oportunidades da revenda.”

A companhia ainda tem em seu escopo ampliar a presença no País por meio de diversos canais de suporte e atendimento ao cliente (como foi com a criação do programa Lenovo em Casa), aumentar a agilidade na resposta ao cliente e obter novos negócios, dando suporte à estratégia PC+ e ganhando maior escopo de produção nacional. Uma das metas já alcançadas foi a integração total com a CCE.