08/10/09 15h14

Le Lis Blanc, sem vergonha de ser uma "fast fashion"

Valor Econômico

Primeira grife de moda brasileira a abrir capital, a Le Lis Blanc completa hoje 21 anos. A maioridade conferiu a uma das fundadoras, Traudi Guida, a maturidade para confessar sem receios que sua marca é "fast fashion", ou seja, cópia de modelos já consagrados. Com esse modelo de negócio, que começou com uma lojinha no Shopping Iguatemi, em São Paulo, a Le Lis tem hoje 40 lojas próprias e suas roupas estão presentes em mais de 150 multimarcas do país. Com uma variedade que chega a 2 mil itens, as vendas da grife no segundo trimestre somaram R$ 96,6 milhões (US$ 53,7 milhões). Esse valor representa quase R$ 26 milhões (US$ 14,2 milhões) a mais do montante vendido no mesmo período de 2008.

O grande salto da Le Lis se deu em 2007, quando o fundo de private equity Artesia adquiriu o controle da marca, fundada por Traudi e Rahyja Afrange, falecida em 2008 vítima de um câncer. Hoje, apenas 11% do capital da Le Lis está nas mãos de Traudi e Alexandre Afrange, irmão de Rahyja e presidente da grife. Apesar de serem minoritários, ambos estão no dia a dia do negócio. Traudi como estilista e Alexandre respondendo pela área administrativa.

A planilha da Le Lis Blanc mostra algumas decisões conservadoras da empresa diante da crise econômica. Uma delas foi a redução média de 1,3% nos preços das roupas de inverno quando comparados à coleção do ano anterior. Mesmo com a diminuição nos preços, as vendas fecharam o semestre com queda de 3,2% quando comparado o mesmo número de lojas. Nesse processo de contenção de custos, a varejista dispensou 172 funcionários e renegociou preços junto aos fornecedores.

O lucro líquido da varejista no segundo trimestre deste ano ficou em R$ 1,9 milhão (US$ 1,1 milhão) frente aos R$ 6,2 milhões (US$ 3,39 milhões) de igual período de 2008. A queda no resultado final é explicada, no balanço da empresa, como um reflexo dos investimentos em novas lojas. A postura conservadora é um dos segredos da Le Lis Blanc, que segundo Afrange, nunca pegou empréstimos em bancos e não se arrisca em produzir suas peças na Ásia em busca de custos menores.