27/05/10 12h06

LatinFinance lança fundos Brasil na Europa

Valor Econômico

A crise na zona do euro não intimidou a butique brasileira de finanças corporativas e investimentos LatinFinance. A empresa faz amanhã, em Zurique, na Suíça, uma rodada de apresentações a investidores europeus e asiáticos de dois fundos de Brasil, um de ações e outro de renda fixa. Registradas na Bolsa de Luxemburgo, essas carteiras são o resultado de uma sociedade recém-fechada com a empresa suíça de investimentos alternativos Arsago. Da associação, nasceu a Arsago LatinFinance AG, com controle dividido igualmente, sede na Suíça e regulamentada pelos órgãos daquele país.

Do lado do parceiro suíço - comandado por Daniel Bittner, executivo com passagens pelo JP Morgan e Goldman Sachs -, a joint venture na Suíça foi a alternativa escolhida para dar segurança aos clientes. O investidor europeu foi muito machucado na crise de 2008, com aplicações em hedge funds e até envolvimento em esquemas de fraudes, afirma Alfredo Ergas Neto, sócio da LatinFinance Investimentos, gestora do grupo que teve o registro aprovado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em dezembro. O veículo usado para montar os fundos é conhecido como Sicav, que tem benefício fiscal, mas também cota diária e restrições para alavancagem.

À frente da negociação, Ergas conta que a LatinFinance foi procurada no fim do ano passado pela Arsago, que buscava uma associação com uma empresa de investimentos independente no Brasil para tocar a gestão local. Na visão de Bittner, o país hoje é o que oferece a melhor relação risco/retorno entre os mercados em desenvolvimento e também desenvolvidos. Ele diz que está convencido de que o Brasil é uma grande oportunidade no longo prazo. O público-alvo das novas carteiras são grandes investidores, como family offices que administram entre US$ 50 milhões e US$ 500 milhões, fundos de pensão e seguradoras.

Para a gestão do fundo de ações, a LatinFinance chamou a GTI Administração de Recursos, asset com foco em renda variável fundada em 2007. A política de investimentos da empresa baseia-se numa análise do cenário macroeconômico e político, a fim de identificar os setores com maior potencial de crescimento. A partir de então, são selecionadas empresas que estão subavaliadas, mas com modelos de negócios consistentes e boas práticas de governança corporativa.

"O estrangeiro quer participar do mercado acionário brasileiro, mas para ganhar com o crescimento econômico local", diz Ergas. Segundo ele, não adianta replicar o Ibovespa, um índice concentrado em commodities. Em 2009, por exemplo, o principal fundo da casa, o GTI Value, rendeu 163,51%, ante 82,65% do Ibovespa. O executivo da LatinFinance afirma que o fundo já conta com um compromisso inicial de investimento de US$ 15 milhões por parte dos clientes da Arsago. A expectativa, contudo, é captar cerca de US$ 200 milhões.

Já a renda fixa, voltada para aplicação nos segmentos de juros e moedas, ficará sob responsabilidade da Mercatto Gestão de Recursos. "Com a depressão das taxas lá fora, um juro real de 4% a 5% ao ano é uma grande oportunidade", afirma Ergas. Vale destacar que o dinheiro aplicado nos Sicav efetivamente vai entrar no Brasil, conforme a Resolução 2.689, que regula a aplicação de estrangeiros no país.