Laranja e açúcar puxam alta de 7,2% do PIB do agronegócio paulista
Folha de S.PauloDuas das principais culturas de São Paulo, açúcar e laranja, impulsionaram o PIB agrícola paulista de 2016.
Entre os elos da cadeia produtiva do agronegócio, o destaque ficou com o setor básico -as chamadas atividades dentro da porteira. A evolução no ano passado nesse segmento foi de 19%.
O setor básico agrícola, puxado por laranja e açúcar, tem alta prevista de 24% para 2016, enquanto a pecuária cresce 4,2%.
Com isso, mesmo com peso menor na composição do PIB, o segmento primário contribuiu decisivamente para a evolução de 7,2% do PIB do agronegócio em 2016, que deverá atingir R$ 277 bilhões.
Os números são estimativas do Deagro (Departamento do Agronegócio) da Fiesp e do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), com base em dados de até outubro.
O bom desempenho das atividades dentro da porteira se estendeu a vários outros produtos, como café, soja, milho, feijão, amendoim e uva.
O bom momento da cana –São Paulo tem 57% da participação da produção nacional– ocorreu devido ao deficit global de açúcar.
Problemas em importantes produtores mundiais favoreceram o comércio do Brasil. Isso porque a oferta de açúcar está menor do que a produção, o que garante ao país outros anos de boas receitas.
Já a laranja teve preço reajustado em 2016 devido aos baixos estoques mundiais de suco, que terminaram o ano em um dos menores patamares da história da indústria.
Apesar de uma previsão de recuperação da safra de laranja neste ano, o preço da fruta vai continuar aquecido.
A CitrusBR, associação das indústrias do setor, espera estoque de apenas 70 mil toneladas de suco ao fim de junho.
É um volume muito baixo e jamais visto, suficiente para o consumo de apenas três semanas. São Paulo representa 73% de todo o volume de laranja produzido no Brasil.
"As duas atividades foram beneficiadas por uma conjuntura global de retração da oferta, resultando em alta de preços ao produtor, em um cenário que também favoreceu o setor de insumos agropecuários", diz Antônio Carlos Costa, gerente do Deagro.
Já as atividades consideradas "antes da porteira", que compreendem as indústrias de insumos agropecuários, devem crescer 3,1% em 2016.
Nesse segmento, os insumos para a pecuária foram o destaque, com evolução de 8,5%, devido ao bom desempenho da indústria de nutrição animal. Esta teve faturamento real de 14,1%.
Já os insumos agrícolas não tiveram grande alteração, na média. Enquanto os números dos segmentos de adubos e de defensivos são positivos, os de máquinas agrícolas puxam a taxa de evolução para baixo.
A indústria de máquinas teve retração de 21% no ano passado no Estado, conforme dados apurados até outubro.
O setor já começou a reagir. No segundo semestre de 2016, houve alta de 30% em relação ao primeiro e, no primeiro mês deste ano, a evolução da vendas foi de 74% ante igual período de 2016.
O cenário negativo da indústria está sendo amenizado, o que gera uma expectativa de recuperação, diz Costa.
O segmento industrial, que engloba as indústrias de alimentos, entre outras, deverá fechar 2016 com alta de 5,7%. O setor agrícola, com alta de 6,3%, foi impulsionado pelas indústrias de café, de soja e, principalmente, de açúcar.
A pecuária deverá crescer 4,2%. Ovos e avicultura obtiveram elevação de preços, e a bovinocultura, baixa.
Já a indústria da pecuária deverá crescer 1,6%, tendo sustentação dos derivados de leite, cuja elevação de preços foi de 17,7%.