24/05/07 11h04

Laboratórios nacionais crescem e lideram produção de genéricos

O Estado de S. Paulo - 24/05/2007

Dos cinco maiores laboratórios farmacêuticos do País, três são produtores de genéricos. Os três, brasileiros. Dois deles, há pouco mais de meia década, nem sequer apareciam na lista dos 'dez mais'. A EMS Sigma Pharma, por exemplo, ocupava uma modesta 13ª posição em 2001. Subiu para a ponta do ranking em 2007. Em velocidade parecida, e no mesmo prazo, as empresas Medley e Aché foram derrubando concorrentes pelo caminho - embora o Aché, na realidade, esteja voltando à lista dos grandes. O laboratório chegou a liderar a indústria farmacêutica no Brasil, mas perdeu posições justamente para os genéricos. Teve de se render aos fatos e comprar uma especialista no segmento, a Biosintética, para voltar às primeiras colocações. Hoje, está na quarta posição. O Medley é o terceiro. 'O setor investiu US$ 170 milhões nos últimos cinco anos. Para os próximos cinco, estão previstos mais de US$ 350 milhões em projetos de expansão', avisa Jairo Yamamoto, ex-presidente da Pro-Genéricos e atual comandante da Medley. Sua empresa separou R$ 60 milhões (US$ 29,5 milhões) para aumentar a capacidade da fábrica de Campinas. Com esse projeto, Yamamoto espera duplicar a produção e as vendas em 2007. No ano passado, a Medley faturou R$ 550 milhões (US$ 270,42 milhões). Outra que tem investido fortemente em expansão é a Novartis, cuja divisão de genéricos atende pelo nome de Sandoz. Mesmo com o dólar baixo, o laboratório leva adiante o projeto de vender 5 bilhões de pílulas genéricas nos Estados Unidos. A fábrica responsável pelo projeto é a de Taboão da Serra (SP), que recebeu recursos de US$ 55,8 milhões. Com a exportação de genéricos, a empresa estima uma receita de US$ 140 milhões. A Eurofarma, por sua vez, está aplicando R$ 280 milhões (US$ 137,67 milhões) na unidade de Itapevi (SP), cujas obras estarão concluídas até o segundo semestre de 2008. Com o aumento da capacidade produtiva, planeja aumentar em 20% suas receitas, para algo em torno de R$ 1,1 bilhão (US$ 540,83 milhões). Até bem pouco tempo atrás, seria impensável ver empresas locais ombreando com os laboratórios multinacionais. Essa hegemonia das estrangeiras começou a mudar em 1999, com a adoção da Lei dos Genéricos. Esses medicamentos só conseguem chegar às farmácia com um valor 40% inferior graças a alguns fatores. Os laboratórios especializados em genéricos são montadores de remédios. Explica-se: eles não têm custos de pesquisa e desenvolvimento. Apenas importam a matéria-prima e montam o produto. Com exceção de eventuais gastos para a adequação de máquinas e os custos de testes de bioequivalência (cerca de US$ 150 mil por produto), não há grandes desembolsos no processo produtivo. Há, sim, a aquisição de matéria-prima. Mas o peso da importação do princípio ativo tem sido cada vez menor com a valorização do real. Outro fator que barateia o produto é a completa ausência de publicidade.