Kits para cozinhar em casa ganham espaço no mercado
Folha de S. PauloReceber em casa todos os ingredientes necessários para fazer uma refeição, já porcionados e cortados, prontos para o preparo.
Oferecer essa comodidade a quem gosta de cozinhar tem sido o caminho de pequenas e médias empresas para garantir seu espaço no disputado setor de alimentação.
A Vegan Já, aberta neste ano, oferece kits para cozinhar totalmente vegetarianos, em um sistema de assinaturas mensal ou semanal, a partir de R$ 129, com cinco refeições inclusas.
A ideia é oferecer refeições do dia a dia, com opções como brócolis assados com castanhas, purê de mandioquinha e bolinho de lentilha.
"Unimos duas tendências fortes, a conveniência e o vegetarianismo", afirma o sócio Jônatas Mesquita, 23, que era freelancer na área de marketing digital. O investimento inicial de R$ 30 mil se pagou em quatro meses.
A estratégia de Mesquita foi restringir o número de assinantes à capacidade de produção da empresa. "Só produzimos o que já vendemos, o que diminui a perda". Hoje, a Vegan Já tem 70 assinantes e fatura R$ 55 mil mensais.
O custo fixo baixo é uma das maiores vantagens desse tipo de negócio e pode ser uma boa forma de pequenos empresários entrarem no ramo de alimentação, segundo o consultor do Sebrae-SP Leonardo Paiva.
"Um restaurante, por exemplo, exige um estoque maior de alimentos e muito mais mão de obra. Há ainda mais desperdício já que a demanda não é fixa", diz Paiva.
Com cardápios como bacalhau, ossobuco de vitelo e cordeiro, a Les Gourmands Club, da administradora Fernanda Xavier, 40, encontrou espaço para crescer no segmento de empresas.
Ela vende seus kits de ingredientes -duas refeições de três pratos- para serem entregues como presentes a funcionários ou clientes. Os preços variam de R$ 260 a R$ 380.
Com um investimento inicial de R$ 500 mil, Xavier tem cerca de 200 clientes e fatura R$ 2 milhões por ano.
"A ideia é fazer um menu completo, curtir a cozinha e relaxar. Tentamos imprimir sofisticação, não é algo para substituir uma simples ida ao mercado", afirma.
O desafio, segundo a empresária, é conquistar assinantes para seus kits e não apenas clientes esporádicos.
"Temos que ir atrás do comprador um a um. Nosso maior esforço é para mantê-lo, porque se ele usa o serviço apenas por um curto período e vai embora, a conta não fecha", afirma.
Paiva, do Sebrae-SP, concorda. Segundo ele, o preço ainda é relativamente alto para o padrão de consumo do brasileiro, o que restringe o público às classes A e B.
Para não limitar a clientela, a empresária Daniella Mello, 31, criou dois empreendimentos. A Cheftime, que tem como um dos sócios Guilherme Bonifácio, um dos fundadores do aplicativo de entrega de comidas iFood, oferece opções de valor mais alto.
Há menus como contrafilé com cuscuz de brócolis e endívias caramelizadas, por R$ 79,90 a refeição. "A nova geração pode não cozinhar tanto nem parar para escolher ingredientes, mas faz questão de uma boa comida", diz.
A segunda empreitada de Melo foi a Freshtime, que vende kits mais baratos para o dia a dia, com pratos como ragu de filé mignon e polenta recheada com queijo e frango cítrico com gengibre. A assinatura semanal inclui pacote com três refeições e sai por R$ 149,90.
A empresária não revela o quanto investiu ou seu faturamento, mas diz que as duas marcas têm crescido.