Kitchens mira no mercado externo e no setor hoteleiro
Empresa está avaliando exportar diante da crise. Segmento lançou projeto com a Apex
A Kitchens, empresa fabricante de móveis planejados e que também é dona de lojas próprias no país, começa a olhar novos mercados para crescer e aumentar vendas, diante do recuo do setor da construção civil, com menos lançamentos, e do bolso mais vazio do consumidor brasileiro. A empresa, criada em 1963 em São Paulo, decidiu agora apostar também no mercado corporativo — precisamente o setor hoteleiro — e também em exportações. No entanto, não quer perder o foco no segmento que sempre impulsionou a empresa, no caso, o consumidor das classes A e B, que respondem pelo faturamento da companhia, que foi de R$ 200 milhões no ano passado.
“Sempre priorizamos o mercado nacional de móveis residenciais de luxo e acreditamos que o Brasil tem muito a ser explorado ainda, mesmo em um momento econômico como o atual. Mas estamos avaliando também prospecções nos mercados do Estados Unidos e alguns países da América Latina. O setor de móveis corporativos voltados para mercados como o hoteleiro é muito importante também e vem crescendo, merece uma atenção especial. Temos uma equipe trabalhando nessa área. O Brasil tem ainda um potencial enorme de turismo e turismo de negócios a ser explorado”, diz Josué Reinaldo Cardenuto, sócio-diretor da Kitchens.
Segundo ele, a empresa vem conversando com empresas do mercado hoteleiro mas não pode revelar quais. Com uma fábrica em Guarulhos (SP) e 17 lojas próprias em todo o Brasil, a Kitchens — que produz por ano 3.200 ambientes completos para o mercado residencial, por enquanto — investiu R$ 2,5 milhões na transformação de sua filial em Curitiba (PR), em uma loja-conceito, com 700 metros quadrados . O espaço tem capacidade para 14 diferentes tipos de ambientes.
Além disso, a Kitchens está investindo também mais R$ 1 milhão em novas linhas de produtos.
Quanto ao caminho para o mercado externo, a Kitchens segue uma tendência que está pautando o setor moveleiro no Brasil como um todo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abimóvel), a alta do dólar torna o momento propício para a retomada das exportações.
O projeto Brazilian Furniture, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), busca fortalecer a participação e alavancar a competitividade dos móveis de design brasileiros em mercados internacionais. O plano foi anunciado no final de junho e visa facilitar o acesso a mercados, financiamento e garantia às exportações, além de aperfeiçoamento de mecanismos e regimes tributários para o apoio aos embarques.
De acordo com o Relatório Setorial da Indústria de Móveis no Brasil de 2014, há cerca de 18,7 mil empresas nessa indústria, que está presente em 11 estados e distribuída por 18 polos regionais. A maioria das empresas — 80% delas — está concentrada nas regiões Sul e Sudeste. O setor faturou R$ 44,9 bilhões no ano passado, crescimento de 4,7% em relação a 2013. Para esse ano, a expectativa é de um crescimento de 5,9%.
A Carraro, fábrica de Bento Gonçalves (RS) que se uniu ao Grupo Todeschini em 2007, já vem investindo em exportações para mercados como a América do Sul, Central e África.
“Trabalhamos com a venda dos nossos produtos em lojas multimarcas no Brasil e conquistamos recentemente os mercados do Oriente Médio e do Reino Unido. Nosso foco é o consumidor da nova classe média. Mas estamos olhando mais fortemente o mercado externo também. Com isso, não precisamos reduzir o número de colaboradores da empresa e racionalizamos custos, reduzindo despesas e buscando maior eficiência”, afirma Rogério Francio, diretor comercial da Carraro.