30/07/10 11h58

Juro subsidiado faz BNDES dobrar financiamentos

O Estado de S. Paulo – 30/07/10

Os juros subsidiados do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que completa este mês um ano sob críticas por causa do custo fiscal para o Tesouro Nacional, fizeram mais do que dobrar o número de operações e o volume de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para bens de capital.  O volume de crédito do BNDES aprovado pelas linhas Finame, para a aquisição de máquinas e equipamentos, alcançou R$ 59 bilhões (US$ 32,8 bilhões) entre julho de 2009 e junho deste ano. Nos 12 meses anteriores ao lançamento do PSI, a Finame havia aprovado R$ 25,6 bilhões (US$ 13,0 bilhões). Embora o valor médio dos empréstimos tenha subido ligeiramente, de R$ 250 mil (US$ 126,9 mil) para R$ 264 mil (US$ 146,7 mil), na comparação entre os dois períodos o número de operações aumentou muito mais: 118%.

"O PSI mais do que dobrou a Finame. E o lado positivo disse é que foi extremamente pulverizado. O volume aprovado cresceu um pouco mais, 130,8%, do que o de operações, mas os números indicam que os incentivos do PSI estimularam mais empresas a buscar financiamento para comprar máquinas e antecipar seus investimentos para criar capacidade", disse ao Estado Claudio Bernardo de Moraes, superintendente da área de Operações Indiretas do BNDES.

Por meio da Finame, o BNDES financia a compra, a venda e a produção de máquinas e equipamentos de fabricação nacional por operações indiretas, intermediadas por bancos comerciais. É mais usada por pequenas e médias empresas. Com o lançamento do PSI em julho de 2009, os juros das linhas Finame foram reduzidos de 6% (TJLP) para 4,5% ao ano. O programa foi prorrogado até o fim deste ano, mas os juros na maioria das modalidades foram reajustados para 5,5% este mês.

A diferença entre as taxas do PSI e a TJLP é coberta pelo Tesouro, que concedeu empréstimos de R$ 180 bilhões (US$ 100 bilhões) ao BNDES entre 2009 e 2010. Como capta no mercado com base na Selic (10,25%), o Tesouro aumenta a dívida pública. Para Moraes, apesar do efeito colateral, o aumento da Finame mostra que o PSI cumpre o objetivo: antecipar investimentos e aumentar oferta para evitar inflação.