Juro real cai a 8,55% e renova recorde
Valor Econômico - 03/11/2006
O juro real projetado para 12 meses caiu para 8,55%, igualando-se ao recorde histórico estabelecido em 13 de janeiro de 2004. Só que, naquela época, resultava da diferença entre uma taxa nominal de 15% e de uma expectativa de IPCA de 5,94%. Agora, os dois parâmetros estão muito mais baixos. No mercado futuro, o juro do swap de 360 dias recuou quarta-feira de 13% para 12,95%. E a estimativa de IPCA está em 4,05%, segundo a mediana das projeções do boletim Focus do Banco Central. O juro real projetado é, entre os vários critérios de aferição do custo real do dinheiro, o mais utilizado pelo mercado financeiro. E também pelo BC. Trata-se de uma referência para as decisões de investimento das empresas. Tecnicamente, é chamado de ex-ante. O que o empresário quer saber é se o investimento poderá render mais que a sua aplicação financeira. Em queda acelerada, o juro real ex-ante mostra que a política monetária do Copom tem muita credibilidade. Se houvesse suspeita de que algo poderia dar errado, o swap de 360 dias, que embute a perspectiva de continuidade da queda da taxa Selic, iria parar de cair. Apenas em outubro, a taxa do swap de um ano caiu de 13,55% para 13%. No acumulado do ano, cedeu 3,45 pontos, de 16,40% para 12,95%. O ex-ante é o juro real que melhor responde aos estímulos de baixa exercidos pela flexibilização da política monetária. De setembro de 2005, quando o Copom iniciou o ciclo de cortes da Selic, até agora a Selic já caiu seis pontos percentuais, de 19,75% para 13,75%. No mesmo período, o juro real projetado recuou de 12,65% para 8,55%. Já o juro real ex-post (taxa efetiva 12 meses atrás) declinou muito menos, de 12,70% para 10,21%.