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Junto com crédito e renda, câmbio dá impulso ao consumo

Valor Econômico - 16/11/2007

Nos primeiros dez meses de 2007, os consumidores brasileiros compraram 1,6 milhão de fornos microondas, 2 milhões de automóveis e 7 milhões de computadores. Em relação ao ano passado, estes volumes significam crescimentos de 20% a 50%. O mercado interno, tantos anos andando de lado, ressurgiu com uma força impressionante em 2007. Além do aumento do emprego, da recuperação da renda e do crédito farto e barato, o câmbio abaixo de R$ 2 - vilão de parte do setor exportador - deu um impulso extra à economia. Neste ano, até julho, a massa salarial medida em dólares ficou 19% maior. A ajuda do câmbio ao consumo também vem na forma de preços menores, especialmente nos bens de consumo fabricados com itens importados. No acumulado deste ano até outubro, o preço de televisores, aparelhos de som e produtos de informática (feitos com muitos componentes importados) pesquisado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) recuou 6,18%. Nos setores com insumos locais, o movimento foi inverso - um par de sapatos ou sandálias ficou, em média, 4,81% mais caro. Para José Roberto Mendonça de Barros, sócio-diretor da MB Associados, o forte crescimento da demanda interna de 2007 tem uma característica peculiar (e que ajuda a potencializá-lo): ele é generalizado em todas as faixas de renda. Do empregado com salário mínimo aos ricos, e passando pela classe média, todos os setores ganharam renda e poder de consumo este ano. Em 2004, último ano em que o país cresceu acima de 5%, o saldo líquido de empregos criados no país foi de 1,5 milhão, mas foram fechadas 270 mil vagas para salários acima de três mínimos, perfil que se manteve nos dois anos seguintes. Este ano, até junho, o saldo negativo para vagas de salários acima de R$ 1 mil estava em apenas 65 mil (para um total de 1,1 milhão de vagas abertas nos primeiros seis meses) e, na avaliação de Mendonça de Barros, ele pode zerar até o fim do ano ou até ficar positivo. "A demanda por assalariados da classe média é um diferencial deste ano", avalia o consultor.