29/06/10 10h14

Júlio Simões implanta centro de distribuição de US$ 83 milhões

Valor Econômico

Em meados dos anos 90, a Júlio Simões era uma transportadora de porte intermediário - ocupava trigésimo lugar no ranking do setor - quando veio a estabilização da inflação e a sobrevalorização cambial que persistiu até o fim daquela década. Para cortar custos nessa nova conjuntura, parte da grande indústria passou a terceirizar sua cadeia de suprimentos, atividade antes considerada estratégica e mantida dentro das companhias. O novo filão impulsionou a Júlio Simões até o primeiro lugar do setor de logística do país, com uma receita de R$ 1,47 bilhão (US$ 746,2 milhões) em 2009 - mais de R$ 300 milhões (US$ 152,3 milhões) à frente do segundo colocado.

O segmento de suprimento industrial, com clientes do porte de Fibria, Suzano e grandes montadoras automobilísticas, representa hoje 51% da receita do grupo. A Júlio Simões também tem grande presença no que ela chama de gestão e terceirização de frotas - algo como um aluguel de automóveis diferenciado, por atacado - e faz o transporte de carga convencional. Com dinheiro em caixa desde a abertura de capital que permitiu à companhia captar R$ 477 milhões (US$ 265 milhões) em abril, a empresa tem planos de aproveitar a folga financeira - sua dívida líquida caiu pela metade com a captação - para reinvestir na frota, conquistar clientes e se empenhar em novos negócios.

A aposta abrange o agronegócio - a empresa tem contratos de grande porte com empresas como Cosan, Bunge e ETH, do grupo Odebrecht -, e deve inaugurar em agosto a primeira fase de um projeto de R$ 150 milhões (US$ 83 milhões) para um centro de distribuição em uma área de 500 mil m2 em Itaquaquecetuba, a oeste da capital paulista. Trata-se de um empreendimento inédito no grupo, um terminal intermodal, integrado a uma das linhas ferroviárias da MRS que chegam à capital paulista, e às margens da rodovia presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio.

Outra novidade do grupo é a entrada no agronegócio, oferecendo para grandes grupos do ramo sucroalcooleiro o serviço de colheita e entrega da cana diretamente na porta da usina. Hoje, o ramo já corresponde a 5% da receita do grupo, mas pode crescer mais, chegando a 7% do total. A ideia é crescer na esteira das metas de mecanização da colheita até 2013 - a empresa já tem 126 colheitadeiras. A Julio Simões também continua apostando no seu serviço de gestão e gerenciamento de frotas, onde a empresa mantém 14 mil dos 16,5 mil veículos da sua frota própria - que são, neste caso, carros de passeio. O serviço responde por 20% da receita do grupo. Além de ser responsável pela frota de automóveis de grandes empresas - entre as maiores, Aché e Light - a empresa também atua junto ao setor público.