25/08/22 12h50

Jovens de Bauru descobrem filão em Dubai e passam a exportar mármore

Nesta última semana, empresa bauruense embarcou o primeiro contêiner com 70 placas para os Emirados Árabes

JCNet

De olho em novas oportunidades de negócios, jovens empresários de Bauru resolveram apostar em um destino pouco explorado pelo setor e acabaram descobrindo um verdadeiro filão de mercado. Nesta semana, a empresa embarcou o primeiro contêiner com 70 placas de mármore, granito, xisto e quartzito com destino a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, cidade conhecida como um dos lugares de maior ostentação e luxo do planeta.

Os irmãos, com idades de 25, 21 e 20 anos, trabalham na marmoraria da família e o objetivo da expansão dos negócios era depender menos do mercado interno. "A primeira empresa brasileira de rocha no Oriente Médio é a nossa. Então, é um peso muito grande", define Gabriel Pires, o irmão mais velho, atualmente morando no País do Oriente Médio, onde um escritório foi montado para realizar as operações comerciais.

As peças saíram do Porto Seco de Bauru com destino ao Porto de Santos. De navio, seguem 45 dias de viagem até desembarcarem no Golfo Pérsico. Há seis meses em Dubai, Gabriel conta que o objetivo era dolarizar os negócios. "Não queríamos depender somente do mercado interno por conta da instabilidade da nossa economia", explica.

Ainda segundo ele, metade das 27 toneladas que partiram de Bauru já está orçada. "O Oriente Médio é um mercado muito forte", comemora o jovem, que, no próximo mês, parte para a Arábia Saudita a fim de prospectar novas vendas.

À frente das atividades da Stone Pires também estão os irmãos Carol Pires, 21 anos, e Mateus Pires, 20. "Às vezes, o pessoal olha e duvida da nossa capacidade. Entra aqui e, em vez de falar comigo, vai procurar o meu pai ou minha mãe", conta a jovem, que é responsável pelos orçamentos e atua na marmoraria há oito anos.

Já o caçula foi treinado para operar uma máquina capaz de cortar as pedras em três dimensões, única do tipo na região. Uma das expectativas, inclusive, é despachar o equipamento para Dubai. Mateus, no caso, irá também. "É só trancar a faculdade e partiu", crava o aluno de Arquitetura.

BONS NEGÓCIOS

Quando começaram a imaginar novas fronteiras, a intenção era abrir negócios nos Estados Unidos. Porém, como um funcionário da empresa tinha contatos em Dubai, os planos mudaram.

"Um amigo trabalha lá há 17 anos. Pesquisamos, conversamos com ele e, no começo deste ano, passamos dois meses no Emirado para conhecer o mercado. Voltamos com a certeza de que faríamos negócios lá", afirma Kleber Oliveira, gerente de negócios. Sobre a comunicação, ele relata não haver dificuldades no País árabe. "Lá, todos falam inglês".

INJEÇÃO DE ÂNIMO

Para Cristiano José Pires, pai dos jovens e dono da empresa, as operações estrangeiras trazem novas perspectivas ao negócio. "Aqui, nós vendemos bem, mas o custo é muito alto. O diesel, por exemplo, está nas alturas". Após despachar o primeiro contêiner, eles se preparam para enviar nova remessa em breve.

Com o aumento da demanda, três funcionários foram contratados na produção. Entretanto, a continuidade dos negócios no Golfo Pérsico depende de uma boa execução do primeiro despacho. "Precisa chegar em ordem e dentro do prazo. O árabe preza muito pela palavra, pelo aperto de mão. Então, estamos torcendo para que tudo dê certo", conclui Eliane Pires, mãe dos jovens e também dona da empresa.

Usadas em decoração, móveis e acabamentos da construção civil, as pedras brasileiras apresentam grande diversidade de cores e qualidades. O País está entre os maiores produtores do mundo, concorrendo com China, Índia e Itália, conforme explica Kleber Oliveira, gerente de negócios da Stone Pires.

Para Dubai, embarcaram peças de mármores comum e dolomítico, quartzito, granito, xisto e travertino.

As cores variam do acinzentado até um tom de verde abacate, passando pelo marrom e preto, além de algumas translúcidas, usadas em painéis luminosos.

O valor e a nobreza do material variam também conforme os "movimentos" da pedra, nome dados aos traços e riscos aparentes após o processo de beneficiamento das mesmas.

Fonte: https://www.jcnet.com.br/noticias/geral/2022/08/812415-jovens-de-bauru-descobrem-filao-em-dubai-e-passam-a-exportar-marmore.html