17/09/09 10h02

JBS-Friboi se torna líder global em carnes

Folha de S. Paulo

O grupo JBS-Friboi anunciou ontem a incorporação da Bertin S.A. e a compra da Pilgrim's Pride, uma das líderes no mercado de aves nos EUA. Com as aquisições, a JBS S.A., que já era a primeira no ranking do comércio mundial de carne bovina, passou à liderança global em proteína animal -incluindo frangos e suínos. Superou a americana Tyson Foods.

A nova JBS S.A. será controlada por uma holding, em que cerca de 60% das ações serão das famílias Batista e Bertin. Desse bloco de controle, 60% dos papéis ficarão com os Batista e 40%, com os Bertin. Cálculos da Reuters indicam que a troca de ações remete a um negócio de cerca de R$ 5,2 bilhões. A ação da JBS fechou ontem com valorização de 8,8% -a maior alta na Bovespa. Em receita, a companhia se torna a terceira maior empresa de capital aberto do país, superada por Petrobras e Vale. A agência de classificação de riscos Standard & Poor's atribuiu nota B+ com "crediwatch" positivo. Antes, era B+/negativo.

Os demais 40% da nova JBS S.A. pertencerão ao mercado, incluindo a participação do BNDES. O banco estatal vai ficar com 22,4% da nova empresa. A instituição tem sido essencial na estratégia do governo de apoiar a formação de grandes grupos nacionais para atuação também no exterior. O setor de carnes no país está em consolidação. Na segunda-feira, o grupo Marfrig anunciou a compra da Seara por R$ 1,6 bilhão (US$ 888,9 milhões). Em maio, Perdigão e Sadia se uniram na Brasil Foods. A Folha procurou o Marfrig e a BRF para comentar o anúncio da JBS, mas não teve resposta.

O faturamento anual da nova JBS-Bertin é estimado em quase US$ 30 bilhões. A empresa, em todo o mundo, conta com capacidade de processamento diário de 90,4 mil bovinos, 48,5 mil suínos, 7,2 milhões de aves, 19,5 animais de pequeno porte (ovinos e caprinos), 148,5 mil metros quadrados de couro e 1.266 toneladas de lácteos. No Brasil, a capacidade diária de abate da JBS chega a 43,4 mil bois. O Marfrig, segundo no ranking nacional, mata, no mundo inteiro, no máximo 21,3 mil bovinos. A Associação dos Criadores de Mato Grosso estima que, no Estado, a JBS vá controlar quase 50% dos abates. Os órgãos reguladores terão de autorizar o negócio.