19/08/10 16h31

Itautec prepara marca para ir além do mundo dos PCs

Valor Econômico – 19/08/10

"A Itautec tem que ser vista como uma empresa de tecnologia, não uma companhia especializada em um setor específico. Pode ser que invista em outras coisas no futuro", diz Mário Anseloni, presidente da companhia. Há seis meses no cargo, Anseloni lidera a transformação na forma de atuar da empresa, conhecida pela fabricação de equipamentos de automação. O executivo já mexeu no modelo de negócios, no portfólio de produtos e serviços e na estrutura administrativa. A companhia passou de duas para seis vice-presidências, além de quatro diretorias que respondem diretamente a Anseloni.

Depois de vender seu negócio na área de distribuição de produtos de tecnologia da informação (TI) - a Tallard, por R$ 69 milhões (US$ 39,4 milhões) -, a Itautec está concentrando sua atuação nos segmentos de automação, computadores e serviços. A venda da Tallard foi anunciada em maio, mas a operação só foi concluída em julho. Por conta disso, o negócio de distribuição ainda foi incluído no balanço do segundo trimestre de 2010 da Itautec, representando 22% do faturamento bruto de R$ 605,8 milhões (US$ 346,2 milhões). Essa receita cresceu 32,7% em relação aos R$ 456,4 milhões (US$ 231,7 milhões) registrados no segundo trimestre de 2009.

Anseloni não acredita que ao final do ano a Itautec será menor do que é hoje pela venda do negócio de distribuição. A expectativa do executivo é de que os negócios em outras áreas cresçam o suficiente para compensar o faturamento perdido. De acordo com Anseloni, a meta é manter uma taxa de crescimento superior à média de mercado nos três segmentos em que a empresa atua. No segundo trimestre de 2010, a Itautec apresentou lucro líquido de R$ 15,2 milhões (US$ 8,7 milhões), superando em 76% o ganho de R$ 8,6 milhões (US$ 4,37 milhões) obtido em igual período do ano passado. O mercado externo representa entre 5% e 7% da receita da companhia (excluindo a Tallard). Segundo Anseloni, existem oportunidades a serem exploradas no México, na Argentina e na África.

As mudanças capitaneadas por Anseloni fazem parte de um projeto de R$ 100 milhões (US$ 57,1 milhões) para reestruturar as operações da Itautec. O processo tem como objetivo reforçar o crescimento e acelerar o crescimento da companhia. Um dos primeiros passos foi mudar o perfil do conselho de administração, que passou a ser mais estratégico, e não apenas de prestação de contas. Nesse processo, a família Setúbal - dona da Itaúsa, proprietária da Itautec - deu lugar a profissionais de mercado na gestão da companhia. Anseloni foi o primeiro executivo externo ao grupo a assumir o comando da Itautec em seus 30 anos de existência. A iniciativa faz parte de uma reorganização que a Itaúsa começou a fazer a cinco anos em suas empresas da área industrial (Elekeiroz, do setor químico, Duratex, de madeira, e Itautec).

Para Anseloni, um dos passos importantes na reestruturação da Itautec é a ampliação da cobertura de sua força de vendas no Brasil. "A estrutura atual não é adequada para o tamanho que a empresa quer atingir", diz o executivo. A estimativa é de que a empresa tenha vendedores cobrindo cerca de 40% dos mercados onde ela pode vender seus produtos e serviços. A expectativa é chegar a 80%. Para isso, a empresa aumentará sua estrutura própria e também as parcerias com distribuidores e revendas. Sobre aquisições, Anseloni afirma que não estão descartadas, mas a empresa não tem qualquer acordo em vista.