16/05/13 14h51

Itautec e Oki criam companhia

Valor Econômico

A Itautec e a Oki Eletric Industry, do Japão, anunciaram ontem a criação de uma empresa conjunta no Brasil. Pelo acordo, as divisões de automação bancária e comercial e de serviços de tecnologia da Itautec serão transferidas para a nova empresa. Em paralelo, a Itautec comunicou o plano de abandonar gradativamente as atividades de produção e venda de computadores.

 

A Oki terá uma participação de 70% na empresa combinada, batizada de BR Indústria e Comércio de Produtos e Tecnologia em Automação. A marca fantasia ainda não foi definida. Os demais 30% ficarão para a Itautec, que receberá R$ 100 milhões pela transação. Pelos termos do acordo, o grupo japonês terá o direito de comprar a fatia remanescente do capital em três anos. O contrato também prevê uma remuneração anual para a Itautec, até 2015, caso o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) da operação conjunta supere as projeções.

 

A produção de equipamentos de automação será feita na fábrica da Itautec em Jundiaí (SP), onde já eram produzidos. A fábrica não entrou no acordo e continua sob propriedade da companhia brasileira. A fabricação de computadores, que também tinha lugar na unidade, será transferida a empresas terceirizadas nos próximos três a seis meses, até ser totalmente descontinuada, o que pode ocorrer no fim do ano. "O importante é que todos os compromissos assumidos serão honrados", disse Henri Penchas, presidente da Itautec, em entrevista exclusiva ao Valor.

 

O acordo altera significativamente o perfil da Itautec, que ao transferir as atividades industriais passa a ter seus ativos concentrados na participação de 30% da nova empresa, na propriedade das instalações industriais que serão alugadas à companhia combinada e ao caixa, que ao fim do primeiro trimestre somava R$ 157,8 milhões. Juntas, as áreas de automação e serviços representaram 54,5% do faturamento da Itautec no ano passado. O restante veio da área de computadores.

 

A Itautec começou a avaliar alternativas de reestruturação há cerca de um ano, disse Penchas, que trabalha na Itaúsa há 45 anos. O executivo participa dos conselhos de todas as empresas da holding, da qual também é responsável pela área de relações com investidores. Há um mês, ele assumiu a presidência da Itautec.

 

A decisão de se retirar da área de computadores é um reflexo das mudanças nesse mercado, afirmou o executivo. "Esse se tornou um negócio de volume e escala, com margens cada vez menores", disse Penchas. Em 2012, a Itautec fabricou 585 mil computadores, incluindo PCs, servidores, notebooks e netbooks. No fim de 2012, a companhia ocupava o sétimo lugar no ranking de vendas de PCs no país.

 

Na busca por um parceiro para a divisão de automação, a companhia aproximou-se da Oki, que tentava disputar essa área no Brasil. O grupo japonês está no país desde 1997, mas sua atuação, até agora, estava concentrada nos negócios de impressão, com a subsidiária Oki Data.

 

"Já temos uma posição sólida [em automação] no Japão e na China e estamos investindo em outros mercados emergentes", disse Naoki Sato, vice-presidente sênior da Oki. Entre os pontos de interesse estão Indonésia e Rússia.

 

A Oki ocupará três posições no conselho de administração da nova empresa, e vai indicar o presidente do colegiado. A Itautec terá dois assentos. O comando executivo das operações ainda não teve um nome definido.

 

A conclusão formal do negócio está marcada para dezembro, quando será realizada uma assembleia de acionistas. A Itaúsa detém 94% do capital da Itautec. Dos 6% restantes, que estão nas mãos dos sócios minoritários, metade pertence a fundações ligadas à holding. Os minoritários terão o direito de retirada das ações, que lhes garante reembolso pelos papéis. Será considerado o preço de R$ 37,05 por ação, que consta no balanço patrimonial de 2012, o mais recente disponível. O valor é 2,9% maior que o preço de fechamento da Itautec de terça-feira, de R$ 36. Os acionistas podem pedir um balanço mais recente, de até 60 dias antes da votação. As regras estão definidas na Lei das S.A..

 

A expectativa é que os acionistas minoritários optem pelo direito de retirada, o que pode definir um movimento importante: o fechamento do capital da Itautec. "Ainda não há nada definido, mas as ações são pouco negociadas e acho difícil que os acionistas não optem por esse caminho", disse Penchas.