Italiana Chiesi quer dobrar de tamanho no Brasil até 2020
Valor EconômicoAté 2020, o laboratório italiano Chiesi planeja dobrar o tamanho da operação brasileira, que no ano passado obteve receita líquida de R$ 215 milhões. Para alcançar essa meta, além de contar com crescimento orgânico, a farmacêutica avalia aquisições, parcerias e licenciamentos ou outras oportunidades de expansão inorgânica que se mostrarem atraentes. "Estamos olhando ativos. Há várias frentes, mas ainda não temos nada na mesa", disse ao Valor o gerente-geral da Chiesi no país, José Fernando Almeida.
Neste momento, a farmacêutica está investindo R$ 21 milhões, em recursos próprios, para ampliar e modernizar sua fábrica de Santana de Parnaíba, no Estado de São Paulo, que hoje está a apta a produzir 13 milhões de unidades (caixas) por ano de medicamentos líquidos, sólidos e aerosol. Nessa primeira etapa de expansão, cujas obras devem ocorrer nos próximos seis meses, serão adicionadas pelo menos 4 milhões de unidades à capacidade instalada, com foco na linha de líquidos.
De acordo com Almeida, a estratégia da farmacêutica, que tem fábricas no Brasil, na França e na Itália, onde está também a sede, é transformar a unidade brasileira em um polo de exportação do Clenil, atendendo à demanda global pelo medicamento usado no tratamento da asma.
"Seremos os fornecedores mundiais de Clenil para a Chiesi", explicou. Como desdobramento do plano, as exportações da farmacêutica a partir do Brasil, hoje com destino a apenas ao Reino Unido e à Itália, chegarão a 26 países da Europa, África e Ásia. No ano passado, 25% da produção local foi embarcada. Em 2020, essa fatia deve chegar a 40%.
A maior fatia de exportações ampliará a proteção natural (hedge) da operação brasileira frente à desvalorização do real. Hoje, cerca de 95% dos insumos farmacêuticos são importados e os laboratórios têm sofrido pressão significativa do fortalecimento do dólar. Com o investimento em curso, a previsão é a de que no início de 2017 a farmacêutica já conte com um "grande volume" exportado.
"Mas vamos crescer também em vendas domésticas", ressaltou o executivo. As duas principais áreas de atuação da farmacêutica são a respiratória e neonatal, porém os planos até 2020 incluem a ampliação do portfólio de fármacos OTC (isentos de prescrição) e na área institucional (hospitalar). Além disso, em dois anos, a Chiesi pretende entrar no mercado de tratamento de doenças raras com o lançamento de novas drogas. "Já estamos conversando com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre um desses medicamentos", contou.
Com 80 anos de história, a Chiesi está presente no mercado brasileiro há quase 40 anos. Primeira afiliada da farmacêutica fora da Itália, a operação local é hoje a sétima em termos de faturamento. Até 2020, porém, a meta é alcançar a quarta ou a quinta posição.
Globalmente, o laboratório faturou 1,3 bilhão de euros em 2014, alta de 8,4% frente ao exercício anterior, enquanto o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) alcançou 363 milhões de euros, ou 27,1% da receita líquida. Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento somaram 237 milhões de euros, porém a Chiesi aplicou outros 89 milhões de euros para a compra do capital total da Chiesi USA.
A operação brasileira, segundo Almeida, se reporta ao comando de países emergentes e, junto com Rússia e Turquia, na avaliação do executivo, correspondem atualmente aos maiores desafios desse grupo. Para 2015, a expectativa para os negócios no país é a de crescimento de 12%, em linha com a previsão do IMS Health. "Essa fase desafiadora vai passar. É preciso ter capacidade para aproveitar o momento quando o cenário melhorar", ponderou.