04/10/07 10h34

IPOs encontram investidores exigentes

Valor Econômico - 04/10/2007

Passado o pior da crise que tomou conta dos mercados mundiais em agosto, a Bolsa de Valores de São Paulo voltou a mostrar vigor, marcando mais de 60 mil pontos e quebrando recordes sucessivos, apesar da forte queda de ontem . Mas a história está bem diferente para as empresas que pretendem estrear no pregão brasileiro nos próximos meses. O ambiente desfavorável se reflete no fraco desempenho dos papéis que já estrearam no ano. Das 49 empresas que lançaram suas ações em 2007, 33 estão com performance inferior à do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa). Dessas, 17 não só perdem do índice como acumulam variação negativa desde que começaram a ser negociadas . O capital estrangeiro, que voltou a ingressar com força na bolsa local, tem procurado as "blue chips", como Vale do Rio Doce e Petrobras. Os bancos de investimento acompanham esses dados diariamente para medir o apetite dos investidores para novas emissões de ações. O fraco desempenho das novatas é um sintoma da perda de atratividade, ao menos momentânea, dos novos projetos. Duas características que vinham sendo negligenciadas, em meio à euforia dos mercados, passaram a ser pré-requisitos nas novas operações: liquidez e qualidade do negócio. "A demanda é por empresas mais maduras, com menor risco de execução das metas apresentadas", diz Alexandre Bettamio, diretor do banco de investimentos do UBS Pactual. A despeito do cenário, a fila de empresas dispostas a abrir o capital não pára de crescer. "A economia real não foi afetada, não houve retração no mundo corporativo", diz Bettamio. A corrida para tentar garantir um lugar no mercado ainda em 2007 faz com que bancos e escritórios de advocacia ganham novos clientes a cada dia. A dúvida é se o mercado conseguirá absorver os papéis na mesma velocidade.