16/03/11 14h10

IP investirá US$ 90 mi para gerar mais energia

Valor Econômico

A International Paper (IP) anuncia hoje o maior investimento da gestão de seu presidente no Brasil, Jean-Michel Ribieras, que chegou ao país no início de 2010. Serão mais de US$ 90 milhões direcionados para o crescimento da geração própria de energia. A ideia é elevar a autossuficiência energética e reduzir os custos das operações da multinacional americana no país. Os recursos serão aplicados na construção de uma nova caldeira de biomassa na unidade produtora de papel e celulose de Mogi Guaçu, no interior de São Paulo. O projeto foi aprovado pelo conselho de administração da empresa na semana passada, depois de dois anos de sua apresentação interna. "A primeira razão para instalação dessa nova caldeira é a redução de custos e a nossa estratégia ambiental e florestal", afirmou ao Valor Ribieras.

A nova caldeira - a maior do sistema IP no Brasil - terá capacidade de gerar 210 toneladas de vapor por hora. Isso é o equivalente, em energia, para abastecer cerca de 40 mil residências. Com essa produção, a empresa afirma que terá 90% de autossuficiência da energia consumida em toda a sua operação no país. O sistema de consumo de energia da fabricante de papel envolve, além da eletricidade, petróleo, gás e carvão, energia de biomassa e a de recuperação. A geração da energia de biomassa utiliza os resíduos de madeira de eucalipto plantado. Já a energia de recuperação é produzida com o licor negro, que sobra da madeira que não é utilizada na produção de celulose e papel. Essas duas formas de produção próprias de energia representavam - antes do investimento anunciado hoje - 75% do consumo total de energia da IP Brasil.

Até agora, a empresa tinha três caldeiras de recuperação (duas na fábrica de Mogi Guaçu e uma na unidade de Luiz Antônio, SP) e três de biomassa (uma em Mogi e duas em Luiz Antônio). Vale lembrar que as caldeiras na unidade de Três Lagoas (MS) são da Fibria - fabricante de celulose do grupo Votorantim e BNDES -, fruto de um acordo entre as duas empresas. As obras da caldeira começam em abril e ela deve entrar em operação no primeiro trimestre de 2013. No pico da construção, o projeto vai envolver mais de mil trabalhadores. "É um investimento grande", diz Ribieras, lembrando que os US$ 90 milhões a serem aplicados ao longo de dois anos representam cerca de um terço do que foi gasto na instalação de toda a fábrica de papel de Três Lagoas.

O foco da empresa está voltado na redução dos custos totais. Segundo o executivo, os gastos de uma companhia produtora de papel e celulose com energia, em geral, podem representar até 30% dos seus custos totais. Ribieras, no entanto, não informa quais seriam as economias que o novo investimento traria para as operações brasileiras da IP. "Serão (as economias) significativas", resume. Segundo o executivo, a escolha dos fornecedores contratados para a execução do projeto ainda está sob avaliação.

A capacidade de produção de papel da International Paper no Brasil soma 1 milhão de toneladas por ano. A produção de celulose, por sua vez, tem capacidade de 810 mil toneladas - praticamente toda voltada para o consumo interno na produção de papel. No ano passado, a subsidiária brasileira acumulou uma receita de US$ 1,089 bilhão, um avanço frente aos US$ 962 milhões registrados em 2009. Os investimentos da empresa em 2010, por sua vez, somaram US$ 88 milhões.