20/03/08 11h20

Investir em TI eleva produção, diz Ipea

Folha de S. Paulo - 20/03/2008

Um estudo inédito do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que as empresas que investem em tecnologia da informação (TI) são 13,24% mais produtivas. É a primeira vez que um instituto de pesquisa mostra, por meio de pesquisa em campo, o impacto positivo das máquinas no processo produtivo. De acordo como economista Marco Aurélio Alves, autor do estudo que será publicado nos próximos meses, até a década de 1980, os estudiosos acreditavam que a tecnologia não surtia efeito na economia. Depois, essa tese foi revista. "Era um contra-senso", afirma Alves. "Tínhamos certeza de que a tecnologia abreviava o tempo de produção e distribuição das mercadorias, mas não dava para obter uma média nacional". Essa contradição -conhecida como o paradoxo da produtividade- caiu por terra a partir de meados da década de 1990 com o crescimento da base instalada de computadores. A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) -que representa as maiores indústrias do país- divulgou recentemente seu primeiro relatório sobre o assunto. De acordo com José Ricardo Roriz, diretor do Departamento de Computação e Tecnologia da Fiesp, as indústrias que destinaram recursos para TI estão faturando, em média, 20% mais do que aquelas que não aplicam no setor. Aos poucos, pequenas e médias empresas também começam a fazer parte do time que busca ganhos de produtividade -um dos principais indicadores para fazer a avaliação do desempenho de uma companhia. Quanto maior a produtividade, melhor. Afinal, isso significa que os funcionários estão produzindo mais durante a mesma jornada de trabalho. A pesquisa do Ipea acompanhou o desempenho de 26.776 indústrias de transformação entre 2001 e 2003. Entre as firmas de grande porte, 16% usam TI, índice que cai para 10% e 4% entre as médias e pequenas empresas, respectivamente. De acordo com o estudo, nas empresas com TI, cada trabalhador gerou, em média, R$ 58.900 (US$ 33,5 mil) por ano, no período considerado. Nas firmas sem TI, essa média foi de R$ 28.000 (US$ 15,9 mil). Segundo Robert Atkinson, presidente do ITIF (Information Technology and Innovation Foundation), nos Estados Unidos, cerca de 78% dos ganhos de produtividade se devem aos investimentos em TI. Na China, esse índice corresponde a 38%.