26/01/11 11h35

Investimentos retomam ritmo pré-crise

Valor Econômico

Um ano para confirmar a retomada no volume de investimentos das empresas em tecnologia da informação (TI): essa é a expectativa das grandes companhias brasileiras para 2011, depois de um 2009 marcado pelo adiamento de projetos importantes e do início de um processo de recuperação em 2010. Segundo dados preliminares de um estudo que está sendo conduzido pelo Instituto sem Fronteiras (ISF) e que vai abranger 1,2 mil empresas públicas e privadas, os investimentos em TI vão somar R$ 61,9 bilhões (US$ 36,4 bilhões) neste ano, o que representa um crescimento de 10,3% ante os R$ 56,1 bilhões (US$ 31,9 bilhões) registrados em 2010.

Das 740 empresas que já responderam à pesquisa, 65% disseram que vão ampliar o orçamento destinado à TI. Os recursos incluem tanto o desenvolvimento interno de sistemas como a compra de produtos e serviços de terceiros. "Apesar do crescimento de 10,5% em 2010, a base de comparação era baixa. A projeção de manter o índice neste ano mostra que as cifras realmente estão voltando ao patamar pré-crise", diz Ivair Rodrigues, analista do ISF.

O cenário otimista foi confirmado por seis grandes companhias ouvidas pelo Valor. Todas planejam manter ou ampliar os orçamentos, dirigidos principalmente a projetos de longo prazo. Só parte dessa conta - já que nem todas revelam valores - supera a faixa de R$ 7 bilhões (US$ 4,1 bilhões). Três áreas básicas disputam os recursos das empresas: tecnologias que ajudam a reduzir os custos, segurança e mobilidade.

Segmento que historicamente lidera os investimentos em TI no país, o setor financeiro retrata bem esse contexto. No Bradesco, o vice-presidente-executivo Laércio Albino Cezar diz que uma das prioridades será dar continuidade ao projeto TI Melhorias, iniciado em 2005. Depois de concluídas vinte e sete etapas, o processo chega ao fim neste ano. O objetivo é acelerar o lançamento de produtos e serviços. "Vamos seguir a mesma rota de 2010, com um orçamento em torno de R$ 3,4 bilhões (US$ 2 bilhões)", diz Cezar. No campo da segurança, que concentra cerca de 8% do investimento anual do Bradesco em TI, o executivo diz que o banco planeja expandir o número de caixas de autoatendimento bancário (ATM) com recursos de biometria da palma da mão, de 18 mil para 30 mil equipamentos. O uso da biometria nas transações bancárias também será uma das estratégias do Itaú Unibanco, que investiu R$ 3,4 bilhões (US$ 1,9 bilhão) em TI no ano passado. O orçamento deste ano não é revelado. Entre outros projetos que estarão em pauta, o executivo destaca o desenvolvimento de aplicativos e serviços para dispositivos como smartphones e tablets.

Fazer mais com os mesmos recursos é um traço comum nos planos das companhias. Na Petrobras, o orçamento de TI será de R$ 3,6 bilhões (US$ 2,1 bilhões), 8% maior que o do ano passado. Ainda neste semestre, a Petrobras pretende inaugurar seu novo centro de processamento de dados, que foi construído ao longo dos três últimos anos e vai concentrar 60% dos sistemas críticos da empresa. A unidade ficará na Ilha do Fundão, no Rio, integrada ao centro de pesquisa e desenvolvimento da companhia. A Petrobras também está investindo em sua rede de fibra óptica, que acompanha a malha de gasodutos e alcooldutos da companhia e está sendo expandida na Bacia de Campos, que vai receber os investimentos do pré-sal.

Bancos e operadoras vão continuar na liderança dos gastos com TI, diz Kawanami, da Frost & Sullivan, mas segmentos como varejo e saúde estão ganhando espaço, o que vai estimular a criação de ofertas específicas para essas atividades. Algumas companhias também já iniciaram seus investimentos em modernização para ficar preparadas para a Copa do Mundo, afirma o analista. A grande novidade para o ano, diz Kawanami, será a adoção dos tablets dentro das empresas.