Investimentos públicos e privados da última década preparam Campinas para o futuro
Constatação é de estudo desenvolvido pelo Observatório PUC-Campinas, com base em dados coletados pela Fundação Seade
Correio PopularOs investimentos feitos na última década, tanto privados quanto públicos, preparam Campinas para o futuro. Eles estão ligados ao desenvolvimento sustentável, tecnologia e modernização e ampliação da infraestrutura da cidade, aponta o estudo "Panorama de Investimento no Município de Campinas (2012-2022)", feito pelo Observatório PUCCampinas com base no banco de estudos do Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). "São investimentos importantes no sentido dinâmico e socioeconômico, com forte participação da indústria, serviços intensivos em conhecimento e tecnologia e de infraestrutura", diz o economista Cristiano Monteiro da Silva, autor do trabalho e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas.
De acordo com o estudo, o município se destaca pelos recursos destinados à implantação de novos projetos, que representam 57% do volume aplicado no período analisado. Os outros 43% foram destinados para ampliação, ampliação/modernização e modernização. O levantamento é focado na dinâmica de investimento em atividades, destinação setorial e condições socioeconômicas para o emprego, sem entrar na identificação dos empreendimentos.
Segundo a análise, a implantação mostra resultado em diferentes níveis de criação de empresas de diversos portes ou de unidades locais. A abertura de novos negócios ou de filias se destacou principalmente no setor de comércio, representando 96% do total, enquanto na indústria é de 63% e no setor de serviços, 59%.
Segmentos
No segmento industrial, o estudo do Observatório PUC-Campinas destaca que os investimentos na última década se concentraram em veículos elétricos e novas fontes renováveis de energia, "alinhados aos sentidos do desenvolvimento sustentável, bem como aos novos paradigmas tecnológicos assumidos na dinâmica da indústria, no plano mundial." Nesse campo, dois investimentos feitos por uma empresa chinesa em Campinas somaram US$ 163 milhões (R$ 800 milhões) e geraram cerca de 650 empregos.
Na primeira fase, a companhia instalou em Campinas uma fábrica de ônibus elétricos, baterias e novas energias, que recebeu aporte de US$ 113 milhões (R$ 555 milhões). A segunda etapa de implantação incluiu uma fábrica de placas de energia solar fotovoltaica, que recebeu mais US$ 50 milhões (R$ 245 milhões). "O principal motivo para estarmos aqui é o DNA da cidade de inovação e tecnologia", explicou a vice-presidente global da empresa e presidente para as Américas, Stella Li.
Especializada em veículos elétricos e baterias recarregáveis, a companhia tem 180 mil funcionários em 11 parques industriais em toda a China. A unidade em Campinas foi a primeira no Brasil e a terceira fora do território chinês. No mês passado, a empresa anunciou um investimento de R$ 3 bilhões em Camaçari (BA) para instalação de sua primeira fábrica de automóveis elétricos fora da Ásia. Essa unidade, que deverá entrar em operação no segundo semestre de 2024, deverá gerar cerca de 5 mil empregos.
Entre 2012 e 2022, o setor de serviços representou cerca de 70% do valor total de investimentos confirmados em Campinas, aponta o estudo do Observatório PUC-Campinas. Nessa área, destacam-se os segmentos de pesquisa e desenvolvimento científico, atividades de atenção à saúde humana, tecnologia de informação e educação.
O maior investimento nessa área foi a instalação de um data center de uma instituição financeira, que ocupa uma área de 800 mil metros quadrados. Ele passou a concentrar em Campinas todo o seu banco de dados, incluindo o processamento e armazenamento. A empresa destinou US$ 492 milhões (R$ 2,41 bilhões) para essa unidade, que pode armazenar um volume superior a 5 Petabytes, com capacidade de processar uma média de 210 milhões de transações diárias.
De acordo com a empresa, Campinas foi escolhida após uma análise em 23 cidades brasileiras. Entre os principais motivos para a escolha, está a proximidade de três rodovias - Anhanguera, Bandeirantes e Dom Pedro - e da sede instituição Brasil, na cidade de São Paulo. O local também está dentro de uma zona de exclusão de áreas e não tem indústrias do setor químico ou petroquímico em um raio de 5 quilômetros. O complexo é equipado com 60 estações de trabalho, divididas em três pisos e seis salas de tecnologia de informação (TI) independentes.
O "Panorama de Investimento" aponta que o município se destaca também por atrair investimentos em atividades imobiliárias. Campinas registrou somente nos últimos três anos, de janeiro de 2020 a dezembro de 2022, o lançamento de 14.770 unidades habitacionais, que somam o investimento de R$ 6,9 bilhões, de acordo com o estudo do mercado imobiliário divulgado pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais (Secovi).
Somente no ano passado, foram lançados no município 3.129 imóveis residenciais, que somaram R$ 1,86 bilhão. Segundo a pesquisa, 42% dos lançamentos estão na faixa entre R$ 230 mil e R$ 550 mil, 20% abaixo de R$ 230 mil e 16% acima de R$ 900 mil. "A partir disso, chega-se à conclusão de que todos os setores econômicos promoveram importantes e valiosos investimentos no município de Campinas", afirmou o economista Cristiano Monteiro da Silva. Ele acrescentou que esse dinamismo resultou ainda na geração de empregos, em especial de pessoas na faixa etária de 18 a 29 anos.
Infraestrutura
O estudo do Observatório PUC-Campinas revelou que o setor de infraestrutura teve papel importante nos investimentos feitos em Campinas, principalmente os capitaneados pela Prefeitura. O Programa de Ativação Econômica e Social (PAES) gerou 15 mil empregos e resultou em R$ 1 bilhão em investimentos públicos em dois anos, de acordo com balanço da Administração Municipal.
O PAES foi lançado em 14 de julho de 2021 com o objetivo de promover o estímulo à retomada da atividade econômica após a pandemia de covid-19, que na época passava por um novo pico, com rígidas medidas sanitárias de isolamento social e restrições da atividade econômica. A meta inicial era a geração de 20 mil empregos e investimentos públicos e privados de R$ 4 bilhões ao longo de quatro anos. Passada a metade do prazo, a criação de novas vagas atingiu 75% do previsto e os investimentos, um quarto, considerando apenas os projetos da Prefeitura. Não há dados sobre a atividade privada.
Segundo balanço da Administração, o PAES envolve 140 obras, das quais 106 estão em andamento e 34 já foram concluídas. Elas foram responsáveis pela geração de 8.233 empregos diretos, chegando a 15 mil indiretos. A maior obra pública lançada por Campinas é o BRT (ônibus de trânsito rápido, na sigla em inglês). O lote 4 do corredor expresso de transporte coletivo está programado para ser entregue no segundo semestre de 2024.
De acordo com o secretário municipal de Infraestrutura, Carlos José Barreiro, de 85% a 90% das obras em andamento em Campinas serão concluídas até o final do próximo ano. O estágio desses empreendimentos pode ser acompanhado pela internet através do Mapa Digital de Obras, lançado pela Prefeitura no início de julho. "A partir da criação dessa ferramenta digital, o que nós pretendemos, com essa estrutura que já temos de acompanhamento das obras, é disponibilizar as informações que são coletadas em campo e as que as empresas nos prestam para colocar à disposição da população", explicou Barreiro.