Investimentos na educação animam o setor gráfico
Brasil EconômicoO aumento de investimentos públicos na educação, que deve atingir 10% do PIB nos próximo 10 anos, está trazendo novo ânimo à indústria gráfica brasileira que este ano encerra suas atividades com queda de 1,7%, na produção, no comparativo com 2013. Atualmente o segmento editorial, responsável pela impressão de jornais, livros, revistas e demais publicações é responsável 29,2% do faturamento do setor. Mas, segundo a Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), essa fatia pode ser ampliada quando o Plano Nacional de Educação (PNE) estiver em pleno vapor, elevando os recursos para educação dos atuais R$ 138,7 bilhões para r$ 277,1 bilhões.
"O Brasil é um dos mercados mundiais mais promissores para a indústria gráfica e deve se tornar o oitavo maior do mundo até 2017, de acordo com estudo da Universidade de Inteligência da revista inglesa The Economist. É uma oportunidade de consolidação para as empresas do setor, mas precisamos criar condições para aproveitar esse bônus, o que depende da integração virtuosa de toda cadeia em favor da competitividade ", afirma Levi Ceregato, presidente nacional da Abigraf.
De acordo com ele, a indústria gráfica brasileira quer inibir o crescimento da impressão de livros didáticos nacionais no exterior, impedindo que os investimentos públicos em educação fomente o crescimento de outros países como a China. "Não podemos permitir que o dinheiro público seja utilizado para gerar empregos no mercado internacional, enquanto o segmento editorial brasileiro, que paga impostos e gera empregos no país, a travessa uma crise severa", argumenta.
Apesar das boas perspectivas, em 2015 ainda haverá queda de 1,1 % na produção da indústria gráfica em relação a este ano, enquanto a estimativa da indústria de transformação nacional no ano que vem é de crescimento de 1,3%, segundo o boletim Focus. " Esse descolamento se explica pelas projeções de um aumento da massa salarial variável extremamente sensível para a indústria gráfica que deve registrar incremento de 2%, contra 3,7% em 2014", diz Fábio Arruda Mortara, presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas de São Paulo ( Sindigraf/ sp).
A desvalorização do real frente ao dólar teve impacto nos investimentos em máquinas e equipamentos do setor que totalizou US$ 908 milhões este ano - valor 16% inferior ao registrado em 2013 e o mais baixo desde 2007.
Contudo, segundo a Abigraf, o setor investiu US$ 10,5 bilhões na modernização do parque gráfico nacional nos últimos oito anos. "Por outro lado, a cotação alta do dólar contribuiu para diminuir a importação de itens gráficos", cita Sidney Anversa Victor, presidente da Abigraf-SP. Segundo ele, 36% dos importados do setor eram produtos editoriais, enquanto 23% são embalagens e o principal fornecedor de ambos produtos é a China.
Segundo a Abigraf, o faturamento do setor deve encerrar com queda de 1,1% este ano, em 44,5 bilhões e só não caiu mais por causa do setor de embalagens que registrou alta de 2%.
“Nem a Copa, nem as eleições alavancaram nossas receitas este ano, contrariando as expectativas. Foi crescimento de consumo na região Nordeste que salvou o setor”, disse Victor.