17/03/08 10h39

Investimentos industriais vão ampliar oferta futura

Valor Econômico - 17/03/2008

Entre 1996 e 1997, o setor industrial brasileiro passou por uma forte expansão, marcada pela abertura de fábricas e por investimentos na modernização das unidades existentes. Uma década depois, um novo movimento de investimentos em construção de fábricas se consolida - dessa vez de forma generalizada. Para economistas, a mudança revela não apenas o interesse das empresas em atender à demanda doméstica atual, que cresce ininterruptamente desde 2004, mas também uma forte confiança no desempenho futuro do mercado interno. De acordo com dados do BNDES, entre 2006 e 2007, a indústria de transformação recebeu empréstimos de R$ 51 bilhões (US$ 29 bilhões) para ampliar sua capacidade produtiva - volume 32% superior ao desembolso do biênio anterior. Somente em 2007, o banco financiou a construção de 49 unidades industriais e a ampliação de outras 68 unidades existentes no país. Veículos, máquinas e equipamentos, metalurgia e energia estão na mira do Banco Central. A forte demanda no mercado interno nos últimos dois anos elevou o nível de capacidade utilizada desses segmentos para perto do limite. Para economistas ouvidos pelo Valor, não há motivos para pânico. A perspectiva para este ano é ainda de demanda aquecida e de atividade industrial acelerada, mas os setores que puxam a atividade econômica também estão entre os que mais investem na expansão de unidades, pelos dados do BNDES. Os desembolsos para o setor automotivo totalizaram R$ 8,25 bilhões (US$ 4,7 bilhões) entre 2006 e 2007 - segundo segmento da indústria que mais investiu em expansão, depois de alimentos e bebidas, segundo o BNDES. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou recentemente que o setor investirá US$ 15 bilhões nos próximos anos para elevar a capacidade instalada de 3 milhões para 5 milhões de veículos/ano. O setor automotivo tem respondido por um terço da expansão da atividade industrial e também contribui para elevar a demanda de setores básicos, como o metalúrgico, de borracha e plástico e de máquinas e equipamentos. De fato, o uso próximo do limite da capacidade em setores básicos é o que mais preocupa, já que uma demanda explosiva provocaria alta nos preços de insumos e pressão inflacionária ao longo da cadeia. O setor de metalurgia, que em janeiro operava com 91,4% da capacidade, recebeu R$ 5,38 bilhões (US$ 3,1 bilhões) em financiamentos do BNDES entre 2006 e 2007, sendo que, no ano passado, recebeu aprovação de R$ 3,4 bilhões (US$ 1,9 bilhão) - parte desses recursos serão aportados pelas indústrias neste ano. O otimismo também é válido para os setores de alimentos, químico e de borracha e plástico, que elevaram os investimentos nos últimos dois anos e operam com uma capacidade próxima a 80% - esses setores estão entre os que mais investiram desde 2006.