Investimentos em Libra devem atingir US$ 80 bilhões
Valor EconômicoO consórcio responsável pelo projeto de Libra, no pré-sal de Santos, deve investir cerca de US$ 80 bilhões para desenvolver a área, que possui entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris recuperáveis de óleo. Esta é a estimativa do vice-presidente sênior da francesa Total para as Américas, Ladislas Paszkiewicz. O executivo acredita num grande retorno econômico com o projeto nas próximas décadas.
"Estamos muito animados com o projeto de Libra. É um tipo de ativo que nos dará retorno e receita não só pelas próximas duas décadas, mas durante muitas décadas", comentou o executivo, que está no Brasil para participar da Rio Oil & Gas.
O consórcio de Libra é operado pela Petrobras (40%), em parceria com Total (20%), Shell (20%) e as chinesas CNOOC (10%) e CNPC (10%).
De acordo com Paszkiewicz, o Brasil respondeu por 40% das descobertas convencionais de petróleo nos últimos cinco anos e deve exercer um papel importante, ao lado dos EUA, Canadá e Iraque, no crescimento da produção da commodity até 2030. "O Brasil é um país de grande atratividade para a indústria. É um lugar para se estar nos próximos anos", disse o executivo.
Paszkiewicz destacou o avanço da presença da empresa no país, onde o petroleira arrematou dez blocos na 11ª Rodada e entrou em Libra, no ano passado. "Temos nos beneficiado das rodadas propostas e temos confiança no ambiente regulatório", comentou o vice presidente da Total para as Américas.
Praticamente ausente do país até o ano passado, a companhia francesa adquiriu, na 11ª Rodada, 40% de participação em cinco blocos na Bacia Foz do Amazonas (FZA-M-57, FZA-M-86, FZA-M-88, FZA-M-125 e FZA-M-127); 45% em um bloco (CE-M-661) na Bacia do Ceará; 50% em um bloco (BAR -M-346) em Barreirinhas e 25% em três blocos (ES-M-669, ES-M-671, ES-743-M) na Bacia do Espírito Santo.
Apesar de reconhecer o grande potencial do mercado brasileiro, Paszkiewicz reiterou o posicionamento do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP) e defendeu uma revisão da política de conteúdo local. "É uma questão polêmica. O conteúdo local é essencial para o desenvolvimento do país, mas conteúdo local demais pode prejudicar o modelo de negócios. É necessário para promover desenvolvimento até o ponto que vai maximizar o valor para todos", defendeu.
O alto custo da exploração e produção é, segundo o executivo, uma das questões essenciais para a indústria no futuro próximo. "O preço do petróleo é muito volátil e não há nada que possamos fazer. Será preciso gerenciar e controlar mais os custos nesse tipo de ambiente", comentou Paszkiewicz, que acredita num preço do barril de petróleo na faixa dos US$ 100 nos próximos anos, se a estabilidade geopolítica se mantiver.
Ainda segundo o executivo da Total, as condições atuais de exploração e produção no mundo, cada vez mais complexas, caras e exigentes em inovação, demandarão um novo tipo de parceria entre companhias internacionais (IOCs, na sigla em inglês) e as empresas nacionais (NOCs).