21/09/09 10h02

Investimento volta com Estado, diz BNDES

Folha de S. Paulo

O Brasil já retirou da gaveta quase a metade dos R$ 100 bilhões (US$ 55,6 bilhões) em projetos de investimentos que haviam sido congelados depois da crise do banco de investimentos Lehman Brothers, em setembro de 2008. É o que indica levantamento da área de pesquisa econômica do BNDES. Com base nesse levantamento, o banco oficial de fomento passou a estimar que a economia brasileira pode crescer 5% ou até mais em 2010. O estudo foi elaborado com base em projetos anunciados, retomados ou cancelados tanto por empresas privadas como pelo setor público para o período 2009/2012. No curto prazo, pelo menos, a crise interrompeu o crescimento dos investimentos visto ao longo de 2008. A taxa de investimentos como proporção do PIB do país caiu a 15,7% no segundo trimestre deste ano, a menor desde 2003.

O estudo do BNDES registra o ânimo de investimentos no Brasil em três momentos: pouco antes da crise, em agosto de 2008; no auge dela, em dezembro de 2008; e em agosto passado, com a percepção generalizada de que seus efeitos foram menos intensos no Brasil. No primeiro momento, os investimentos mapeados estavam em R$ 781 bilhões (US$ 426,8 bilhões). Com a crise, caíram para R$ 688 bilhões (US$ 376 bilhões). No mês passado, voltaram a subir, para R$ 731 bilhões (US$ 406,1 bilhões).

Houve uma recuperação notável do ânimo empresarial especialmente nos setores de energia, petroquímica e infraestrutura, três setores regulados pelo Estado ou protagonizados por estatais. Nessas três áreas, a perspectiva de investimentos medida em agosto é ainda maior do que visto antes da crise, em agosto de 2008. Os investimentos em energia ganharam musculatura com as reservas de petróleo do pré-sal e o avanço da construção das hidrelétricas do rio Madeira. Em petroquímica, foram robustecidas com o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e a Companhia Petroquímica de Pernambuco. No setor de infraestrutura, o aumento da disposição em investir deve-se ao amadurecimento do projeto do trem-bala, orçado em R$ 35 bilhões (US$ 19,4 bilhões), e à aceleração nas concessões de rodovias, principalmente no Estado de São Paulo.