14/02/12 14h12

Investimento vai superar 20% do PIB, prevê Fazenda

Valor Econômico

Os investimentos vão saltar quase 11% neste ano, levando a formação bruta de capital fixo (FBCF, que contabiliza os investimentos em máquinas e equipamentos e em construção civil) a atingir 20,8% do Produto Interno Bruto (PIB), prevê o Ministério da Fazenda.

Apesar disso, o ministério reduziu ontem a estimativa para o avanço do PIB no ano - de 5% para 4,5%, de acordo com o documento "Economia Brasileira em Perspectiva", estudo realizado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) que divulga as previsões mais recentes para o ano.

A taxa de investimento vai superar, segundo a equipe econômica, pela primeira vez em dez anos, o patamar de 20% do PIB. De acordo com a SPE, a formação bruta de capital fixo será equivalente a 20,8% do PIB ao fim deste ano - em 2011, segundo a Fazenda, foi de 19,6% do PIB. A taxa de investimento passará por um avanço de 10,8% neste ano, mais que o dobro da alta de 5,3% verificada entre os três primeiros trimestres de 2011 com igual período do ano anterior. Se a projeção se confirmar, a taxa de investimento terá saltado 4,4 pontos percentuais, como proporção do PIB, de 2002 (16,4%) para cá.

A estimativa da Fazenda também serviu para comprovar o ritmo lento que os investimentos tiveram no ano passado. A FBCF cresceu apenas 0,1 ponto percentual entre 2010 e 2011, mesmo em cenário de avanço mais fraco da atividade, que, segundo o ministério, cresceu apenas 3,2% em 2011 - em 2010, o PIB saltou 7,5%.

O avanço dos investimentos será impulsionado, dentre outros canais, pela redução do custo de crédito para as empresas. Os cortes contínuos na taxa básica de juros, a Selic, produzidos pelo Banco Central (BC) desde agosto do ano passado, terão efeito concentrado, estimam os economistas do governo, a partir do segundo semestre deste ano.

Parte deste recuo, avaliam os economistas, deve também forçar novas reduções nos juros cobrados pelos bancos das companhias que tomam dinheiro emprestado para investimentos e capital de giro. A diferença entre o custo de captação de recursos dos bancos (taxa Selic) e os juros cobrados das empresas - o spread bancário - deve cair.

Atualmente, o spread embutido nas taxas de juros cobradas das empresas pelos bancos é de 18 pontos percentuais sobre o custo de captação. Segundo dados do Banco Central, compilados no documento do Ministério da Fazenda, a taxa de operação passiva é de 10,28% ao ano, mas a taxa média cobrada pelos bancos (taxa de operação ativa) é de 28,23% ao ano. "Houve em 2010 uma redução [no spread] de 0,2 ponto percentual e em 2011 uma redução de 0,4 ponto percentual. O spread incentiva a realização de captações externas por empresas brasileiras que possuem acesso ao mercado internacional", diz o documento divulgado pelo ministério.

A Fazenda também aproveitou para fazer um "exercício estatístico" com a inflação, ao estimar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2011 com a nova estrutura de ponderação do índice, válida a partir de janeiro. O IPCA seria de 6,1% e não de 6,5%, caso fosse aplicada a nova Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008/2009).