17/08/10 17h14

Investimento pode chegar a US$ 2,1 bi no país em 2010

Valor Econômico – 17/08/10

A indústria brasileira de autopeças deverá investir R$ 3,6 bilhões (US$ 2,1 bilhões) neste ano, a fim de acompanhar a expansão dos negócios no setor automobilístico. Até o momento, os aportes executados não estão aquém do necessário para fazer frente à demanda por parte das montadoras, porém o futuro suscita preocupação. Essas são algumas das conclusões decorrentes de estudo realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Associação Brasileira da Indústria de Autopeças (Abipeças) e pela Prada Assessoria, com o objetivo de detectar possíveis gargalos no setor.

O estudo, realizado com base em dados do primeiro trimestre que foram fornecidos por 84 empresas associadas às entidades, mostra que, naquele período, a cadeia de autopeças estava "menos estressada" do que em 2008, considerado o melhor ano para a indústria automobilística brasileira. Ainda assim, alguns segmentos, com destaque para o de borracha (que não inclui fabricantes de pneus), enfrentavam dificuldades para ampliar a produção, boa parte em razão de limitações na capacidade instalada. Na média da indústria, 46,4% se depararam com esse obstáculo nos três primeiros meses do ano - ante 63% em 2008. "O setor enfrentou gargalos pontuais no primeiro trimestre, incluindo acesso à matéria-prima", afirmou Letícia Costa, sócia e diretora da Prada Assessoria. "A maior dificuldade será investir."

Segundo o levantamento, 80% das empresas têm intenção de investir neste ano. Considerando-se a amostra, equivalente a 36% das autopeças que atuam no país, os aportes estão estimados em R$ 1,327 bilhão (US$ 758,3 milhões). Extrapolando esse valor para a indústria como um todo, é possível alcançar a estimativa de R$ 3,6 bilhões (US$ 2,1 bilhões) em recursos aplicados pelo setor neste ano. Para o conselheiro do Sindipeças Américo Nesti, embora os dados indiquem que a indústria de componentes não está trabalhando com folgas, mas também não chegou ao ponto de comprometer entregas, é necessário olhar para o futuro com cautela.

Estimativa do Sindipeças aponta que a produção total de veículos automotores no país (carros de passeio, comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas) deve alcançar 3,348 milhão de unidades neste ano, com expansão de 4,3% ante 2009. Em 2015, devem ser produzidos 4,454 milhões de veículos no país, o equivalente a crescimento de 34,4% na comparação com o ano passado. É justamente esse forte ritmo na produção de veículos - incluindo também nesse cenário a retomada da indústria argentina - que preocupa as autopeças brasileiras. Recentemente, o governo brasileiro anunciou o fim gradual do redutor de 40% que incide sobre o imposto de importação de componentes automotivos, em cronograma que se estende até maio do ano que vem. O fim do redutor era um dos pleitos relevantes das autopeças.