28/10/10 11h36

Investimento externo vai aumentar no Brasil, aponta pesquisa

Valor Econômico

A aceleração da economia e o forte - e crescente - mercado doméstico estão abrindo os olhos das empresas para o Brasil. E não é de hoje. Segundo pesquisa realizada pela britânica BDO International com 237 líderes empresariais de dez países, o Brasil surge como o quarto país que mais receberá investimentos de companhias estrangeiras nos próximos dois anos e o segundo onde as operações de internacionalização realizadas nos últimos anos mais obtiveram sucesso. O estudo aponta também que o Brasil está empatado com os Estados Unidos entre os quatro principais receptores de investimentos nos próximos dois anos.

A China, que lidera o crescimento econômico mundial, foi a principal receptora de investimentos de empresas nos últimos cinco anos, além de ser apontada como mais atrativa para expansões dos negócios até 2012. Ao todo, 32% dos empresários apontaram os chineses como prioridade em seus planos de expansão internacional. Brasil e Estados Unidos aparecem com 14%, atrás da Índia, com 20%, e à frente da Rússia, que recebeu 9% das menções.

"Trata-se de uma lógica que surge após a crise mundial", diz Jeremy Newman, presidente da BDO International. "As principais vedetes do mercado mundial são os países do Bric e os Estados Unidos, que mesmo com todos os problemas, ainda são, disparado, a maior economia do mundo e emissor de moeda forte", afirma Newman, em referência ao acrônimo Bric, que agrupa Brasil, Rússia, Índia e China, segundo criação do economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O'Neill, em 2001, para determinar os países emergentes que experimentariam as maiores taxas de crescimento econômico. "Mas entre os Bric vejo a liderança partilhada entre Brasil e China, que estão claramente à frente dos demais", diz Newman, para quem "se olharmos apenas pelo lado institucional", o Brasil leva a melhor.

Para Marcio Peppe, sócio-diretor da BDO no Brasil, o país é o mais chamativo dos emergentes, segundo os empresários, quando os critérios levados em conta são apreço pelas instituições, maturidade do sistema político e infraestrutura. "A questão, para uma companhia que planeja expandir suas operações para outros países, está em olhar comparativamente. Para os brasileiros, os problemas de infraestrutura são graves ou mesmo entraves. Mas quando comparados com Índia, Rússia e países do Oriente Médio, estamos muito à frente", avalia o executivo.

No quesito satisfação com os investimentos realizados nos últimos anos, o Brasil aparece na segunda colocação, com 53% de aprovação, atrás apenas dos 56% registrados pelos russos. Nesse quesito, onde a China aparece em terceiro, com 50%, à frente da Alemanha, com 48%, a Índia surge em penúltimo - com 33%, apenas. "O otimismo dos empresários é muito maior com o Brasil justamente porque fizemos a lição de casa que boa parte dos emergentes não fez, por isso, inclusive, os investimentos realizados aqui tiveram tanto sucesso", diz Peppe.