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Investimento de empresas no exterior bate recorde

Folha de S. Paulo - 29/07/2008

Os investimentos feitos por empresas brasileiras em filiais instaladas no exterior bateram recorde no primeiro semestre deste ano, segundo dados do Banco Central. Entre janeiro e junho, o setor privado nacional investiu US$ 8,579 bilhões em outros países, maior valor já registrado no período pela série estatística, iniciada em 1947. Segundo o BC, esse número deve chegar a US$ 18 bilhões até dezembro, valor que, se confirmado, será o segundo maior da história, só atrás dos US$ 28 bilhões de 2006, cujo resultado foi inflado pela compra da mineradora canadense Inco pela Vale do Rio Doce. Neste começo de ano, esses investimentos se concentraram em poucos setores da economia. As instituições financeiras lideraram o movimento de internacionalização, respondendo por 31% dos recursos investidos no exterior. Os setores de alimentos e de metalurgia ficaram logo atrás dos bancos, com investimentos equivalentes, respectivamente, a 16% e 13% do total. Entre os principais destinos dos investimentos brasileiros, os EUA se destacam, recebendo 31% do total de recursos aplicados pelo setor privado nacional no primeiro semestre. Em segundo lugar, ficam as Ilhas Cayman: o valor investido no paraíso fiscal, onde várias companhias internacionais mantêm suas sedes por razões tributárias, corresponde a 23% do total. Países da América Latina -principalmente Argentina e Chile- ficaram com 15%. Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o crescimento das exportações brasileiras nos últimos anos ajuda a explicar essa maior internacionalização das empresas, que estariam cada vez mais interessadas em abrir filiais próximas de seus principais clientes estrangeiros. O presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), Luís Afonso Lima, cita outros fatores para o movimento. Um é o aumento dos preços internacionais de algumas commodities, que fortalece as empresas brasileiras que atuam nesse setor e as prepara para fazer grandes aquisições no mercado internacional. É o caso da Vale e seu minério de ferro. Outras empresas simplesmente buscam se aproveitar de questões regulatórias.