15/01/08 11h00

Investimento cresce e aponta queda no nível de uso da capacidade produtiva

Valor Econômico - 15/01/2008

O investimento na construção civil e em máquinas e equipamentos tem crescido com força desde 2006, mas não a ponto de impedir o aumento do nível de utilização de capacidade instalada (Nuci) da indústria. Num cenário em que a demanda avança a passos rápidos e a inflação dá alguns sinais de alta, ganha importância a tentativa de mensurar qual é o prazo de maturação dos investimentos, ainda que se trate de uma tarefa bastante complexa. O Banco Central (BC) tem manifestado preocupação com a evolução do indicador, lembrando que elevações da capacidade instalada coincidiram anteriormente com aceleração inflacionária. Um recuo nos níveis de ocupação seria importante para afastar o risco de que a autoridade monetária inicie um ciclo de alta da Selic. Os economistas da MB Associados e da LCA Consultores alertam que essas estimativas não são precisas e podem variar muito de setor a setor. O economista-chefe da MB, Sérgio Vale, lembra que "essa relação pode ser bastante variável, e depende da sustentabilidade do crescimento da economia". Com isso, se a expansão da atividade econômica for menos estável e tiver perspectiva positiva para os próximos anos, o prazo estimado para a maturação de investimentos tende a diminuir. Ele estima que o investimento cresceu 13,3% em 2007, um ritmo forte, e que se deu em cima da expansão robusta registrada em 2006, de 10%. É um avanço inegavelmente firme, mas que não impediu a elevação do nível de utilização da indústria, que subiu de 80,4%, em dezembro de 2005, para o nível recorde de 82,8% em outubro de 2007, na série livre de influências sazonais. Se a formação bruta de capital fixo (FBCF, que mede o que se investe na construção civil e em máquinas e equipamentos) cresceu com força em 2006 e 2007, por que não foi suficiente para manter a capacidade instalada estável? A primeira e mais óbvia resposta é que nem todos esses investimentos maturaram.