24/05/10 14h37

Investimento atingirá US$ 756,6 bi até 2013

Valor Econômico

Mesmo com o cenário externo conturbado, e passando pela turbulência das eleições presidenciais, o Brasil poderá registrar investimentos da ordem de R$ 1,324 trilhão (US$ 756,6 bilhões) entre 2010 e 2013, de acordo com mapeamento de investimentos realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No entanto, o maior entrave que o país enfrentará será o crescimento do déficit em conta corrente.

A elevação do déficit será o preço que o Brasil terá de pagar para crescer acima do restante do mundo, de acordo com o superintendente da área de pesquisa do banco, Ernani Torres. A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha um avanço de 6,2% este ano, após revisão esperada dos dados do ano passado pelo IBGE. Para os três anos seguintes, estima-se avanço do PIB de 5,2% ao ano. No entanto, Torres não acredita que o déficit em conta corrente vá comprometer o crescimento da economia, a não ser que o mercado internacional considere seu tamanho insustentável. De qualquer forma, o avanço brasileiro deverá ser sustentado pela demanda interna, assim como na China e na Índia, países que também deverão crescer acima da média mundial.

A projeção é de uma recuperação forte da taxa de investimento nos próximos cinco anos. Neste ano ela ainda deverá situar-se em 19% do PIB. Para o banco, se não fosse a crise internacional, o patamar seria de 21% em 2010. No entanto, o indicador só deverá alcançar esse nível em 2013. A previsão é de que a taxa de investimento do país alcance 19,7% do PIB em 2011, salte para 20,4% no ano seguinte e, em 2013, chegue a 21,4% do PIB. Em 2014, as previsões são de que atinja 22,2%.

O impacto da crise foi maior sobre setores da economia brasileira voltados para a exportação. Em agosto de 2008, a expectativa de investimentos da siderurgia, papel e celulose e da mineração, para o período entre 2009 e 2012, era de R$ 145 bilhões (US$ 79,2 bilhões), volume reduzido para R$ 82 bilhões (US$ 44,8 bilhões) em dezembro do mesmo ano. Na última pesquisa, fechada em abril, a expectativa já era investir R$ 122 bilhões (US$ 69,7 bilhões) entre 2010 e 2013, próximo ao patamar anterior à crise. Já nos setores voltados para o mercado interno, entre eletroeletrônicos, química e automotivo, houve estabilidade maior. Antes da crise a estimativa de investimentos para quatro anos era de R$ 94 bilhões (US$ 51,4 bilhões), que passou para R$ 76 bilhões (US$ 41,5 bilhões) em dezembro de 2008, e, em abril passado, ficou em R$ 87 bilhões (US$ 49,7 bilhões).

O setor petrolífero não foi contabilizado nem como setor exportador, nem como voltado para o mercado doméstico, mas está presente nas projeções de investimento total no período 2010/2013. Segundo o levantamento realizado pelo BNDES, que já inclui o plano de investimentos da Petrobras, há previsão de que a área invista, isoladamente, R$ 340 bilhões (US$ 194,3 bilhões) entre 2010 e 2013, patamar superior a todos os investimentos em infraestrutura, que devem somar R$ 310 bilhões (US$ 177,1 bilhões) em quatro anos.