Investimento-anjo no país tem potencial de R$ 1,7 bi
Valor EconômicoOs 7.260 investidores-anjo que existem no Brasil esperam investir R$ 1,7 bilhão em startups nos próximos dois anos, segundo dados da pesquisa que a Anjos do Brasil divulgou esta semana no Congresso de Investimento Anjo, que aconteceu em São Paulo.
Entre julho de 2014 e junho de 2015, último dado disponível, o investimento-anjo no país somou R$ 784 milhões, 14% a mais que no período anterior. Dados mais atuais serão compilados no meio do ano. "Esperamos que este ano não haja crescimento negativo, mas deve ficar estável", afirma Cassio Spina, fundador e presidente da Anjos do Brasil.
Isso significa que a previsão para os próximos dois anos é de um leve aumento - ou estabilidade - no investimento-anjo no país na relação com o período anterior. "Apesar de o investimento-anjo ter vantagem para o investidor por envolver negócios inovadores, que não são tão afetados pela crise, vemos, sim, que a crise na proporção que tomou reflete também no investimento-anjo", explica Spina.
Ao participar da pesquisa, os investidores foram questionados se a situação econômica do país influencia na decisão de investir em startups. Quase metade (48%) respondeu "em termos", 44% disseram que não e 8% falaram que sim.
O levantamento mostrou ainda que, em média, cada investidor-anjo aplica R$ 208 mil em projetos de startups inovadoras e que as áreas de maior interesse, nessa ordem, são tecnologia da informação, saúde e biotecnologia, educação, energia, aplicativos para smartphones e comércio eletrônico. A expectativa para 2017 é que o investimento médio suba para R$ 234 mil por anjo.
Nos próximos dois anos, os anjos esperam investir, em média, em quatro projetos. É quase o dobro da expectativa apurada na pesquisa de 2014 (2,1). Para Spina, os números refletem um amadurecimento do mercado. "Os investidores estão montando
seu portfólio, o que é fundamental para ter perspectiva de retorno", diz ele, complementando que o prazo para reaver o investimento-anjo fica em torno de cinco anos. Hoje, 43% dos investidores dizem ter investido em mais de um projeto. A média de investimentos já efetuados fica em 2,7 projetos por anjo.
Entre os anjos brasileiros, 91% são homens. É a grande maioria, mas a presença de mulheres aumentou de 5% para 9% em relação à pesquisa feita em 2014. O aumento pode ser atribuído ao amadurecimento do mercado e às iniciativas que visam aumentar a presença feminina entre os anjos. Uma delas é o MIA - Mulheres Investidoras Anjo, que nasceu a partir da iniciativa de Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora, Camila Farani, do Lab22, e Maria Rita Spina Bueno, da Anjos do Brasil. O foco do grupo é investir em startups lideradas por mulheres.
Nenhum outro dado do perfil do investidor-anjo mostra uma concentração tão grande quanto o de gênero. A idade média dos anjos é 47 anos, sendo que 42% têm menos de 45, 38% têm entre 45 e 54 anos e 20% passam dos 55.
Ainda de acordo com o levantamento, 42% são empresários, 31%, executivos, 19% são investidores e gestores de investimentos e 7%, profissionais liberais. Do total de anjos no país, 39% são novatos e atuam nesse papel há menos de um ano. Outros 25% já investem em startups entre um e dois anos, 17% entre dois e três anos, 12% entre três e cinco anos e 7% investem há cinco anos ou mais.
Para Spina, o investimento-anjo é essencial para a construção de negócios inovadores no país e extremamente relevante para ajudar a reverter a atual situação econômica. "Acreditamos na necessidade de todos os agentes de governo dedicarem atenção para que mais investidores sejam estimulados a aplicar seu capital em startups."